No dia 17 de abril de 1996, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, saíram em marcha cerca de 2.500 pessoas em direção a capital Belém. O objetivo do protesto era conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3.500 famílias sem-terra.
No sétimo dia de caminhada, a marcha já atraía a imprensa e preocupava os fazendeiros da região, que se uniram para pressionar o governo. Foi então que o governador da época, Almir Gabriel, do PSDB, e seu então secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, acionaram a polícia e autorizaram que parassem a marcha a qualquer custo.
O desfecho dessa ação deixou 21 camponeses mortos e 79 feridos. Naquela tarde, sob o comando do coronel Mario Colares Pantoja e do major José Maria Pereira de Oliveira, 155 policiais envolvidos na operação abriram fogo com espingardas, fuzis e semi metralhadoras contra as pessoas.
Após cercarem os trabalhadores, as agressões duraram cerca de duas horas. Oito foram assassinados com seus próprios instrumentos de trabalho: foices e facões, enquanto outro foram alvejados com tiros. Num claro sinal de execução, os disparos foram dados na nuca e na testa dos camponeses.
A grande comoção mundial gerada não se compara com o trauma e dor daqueles que estavam presentes na luta e sobreviveram, tendo suas vidas marcadas até hoje.
Impunidade
O Brasil tem uma grande concentração fundiária que tem como base o modo de produção capitalista. Isso gera uma enorme desigualdade.
A luta dos povos da terra dura até hoje e ainda é marcada pela violência e impunidade. Dos 155 polícias envolvidos no massacre, apenas os comandantes foram condenados e cumprem pena em liberdade, os outros 153 PMs foram absolvidos.
O local que foi palco do massacre hoje é considerado sagrado pelo movimento e o dia 17 de abril se tornou o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária. A fazenda Macaxeira, cujo proprietário é um dos mandantes do crime, foi desapropriada e se tornou o assentamento 17 de Abril.
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