Embora tenha lançado a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à presidência, o MDB pode apoiar a chapa formada por Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) nas eleições de outubro. Parte dos caciques do partido já tomou a decisão de seguir junto à esquerda no pleito.
Em jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), em Brasília, esta semana, Lula defendeu a necessidade de unidade no primeiro turno para defender a democracia do bolsonarismo.
Presente ao jantar com Lula, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que Lula não mencionou diretamente a desistência de candidatura por parte do MDB.
“Alckmin, Serra e FHC foram adversários mas nunca inimigos do PT. Eles disputavam eleições conosco em cima do tabuleiro democrático e participativo, nunca negando ou menosprezando as bases do Estado de Direito. Agora estamos diante de inimigos da democracia”, teria dito o ex-presidente sobre a necessidade de formação de uma espécie de Frente Ampla.
‘Não tem segredo’
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) é um dos que defendem abertamente o apoio ao petista.
“Para fazer o enfrentamento do Bolsonaro tem que ser com a candidatura do Lula. Não tem nada em segredo”, afirmou à Veja.
O ex-senador Garibaldi Alves (MDB-RN), que será candidato a deputado federal, afirmou à CartaCapital que o apoio a Lula acontece em decorrência da ainda pouca viabilidade eleitoral de Tebet.
Na pesquisa Ipespe mais recente, Tebet aparece com 1% das intenções de voto. Lula segue na liderança, com 44%, seguido de Bolsonaro, com 30%.
“Independente da Tebet, o MDB do Norte e Nordeste vai apoiar o Lula”, cravou à CartaCapital um parlamentar do PT.
Racha no MDB
O MDB está dividido. Tem quem defenda a candidaturas de Tebet, de Lula e quem está de olho nos votos bolsonaristas. E tem quem prefira não apoiar ninguém no primeiro turno e para poder entrar em qualquer governo que vença o pleito.
O partido também negocia com PSDB, União Brasil e Cidadania. Pleiteiam ser a terceira via entre Lula e Bolsonaro e vão decidir até a próxima semana o nome de quem vai concorrer: Simone Tebet, João Doria ou Eduardo Leite (PSDB), além de João Bivar (União Brasil).
O ex-senador Romero Jucá (RR) e os governadores Helder Barbalho (PA) e Ibaneis Rocha (DF) buscam os votos do eleitorado de Bolsonaro e nenhum foi ao jantar com Lula.
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O ex-presidente Michel Temer e o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), são os principais caciques do MDB que defendem a candidatura de Tebet.
Em São Paulo, o partido deve indicar o vice de Rodrigo Garcia (PSDB), que vai concorrer à reeleição ao cargo de governador, que herdou com a saída de João Doria (PSDB) para disputar a presidência.
Com informações do Poder 360