Sempre, enquanto viver, serei um ano mais velho que o Partido Socialista Brasileiro. Mas dificilmente terei a capacidade de rejuvenescer como faz o PSB com a sua Autorreforma.
Nasci em 21 de janeiro de 1946, sendo, portanto, do signo de Aquário. Meu partido é do signo de Leão. Poderíamos nos identificar como sonhadores de um lado, e por outro, apaixonados, generosos e leais. Uma conjugação quase perfeita para a ideia da revolução. No caso a revolução brasileira do século vinte e um que precisa ser criativa, generosa e radicalmente democrática.
Pode-se dizer que o PSB já nasceu visionário, generoso e leal ao povo.
Em 1947, vivíamos o pleno apogeu do stalinismo e do socialismo soviético, o grande vitorioso da Segunda Guerra Mundial contra o nazismo. Naquela época, quase toda a esquerda mundial era adepta do que meu pai, o advogado comunista Dante Leonelli, chamava de “stalinismo dialético” em contraposição ao científico materialismo dialético. A visão da maioria da esquerda de então era a de que o socialismo só seria alcançado através de uma ditadura do proletariado, consequência de uma guerra civil e da supressão física da classe dominante.
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E eis que surge um partido socialista propondo o socialismo democrático, afirmando que “Liberdade sem socialismo, de fato, liberdade não é. Socialismo sem liberdade realmente socialismo não pode ser”, no dizer de seu primeiro presidente o baiano Joao Mangabeira.
Claro que a questão da liberdade e do socialismo já havia sido colocada pelo próprio Marx e Engels, por Rosa de Luxemburgo e, antes deles pelos socialistas utópicos do século dezenove. Alguns anarquistas retomaram a questão já no século vinte. A diferença residia no fato de que dessa vez era um partido, colocando-se no campo da esquerda brasileira, que nascia sob essa consígna.
E o que hoje é praticamente consensual entre os partidos de esquerda, na época era uma grande inovação. Por isso dizemos que o PSB trouxe no seu nascimento o DNA da criatividade.
Três quartos de século depois, o PSB confirma esse gene criativo no seu processo de Autorreforma, proposto pelo presidente Carlos Siqueira. Ousa definir qual o tipo de socialismo propõe para o Brasil, ou seja o socialismo criativo que incorpore a revolução tecnológica e promova um poderoso desenvolvimento como na China, num regime de plenas liberdades democráticas como na Dinamarca. Afirma a felicidade como um direito. Define a linha básica do projeto nacional de desenvolvimento lastreada na economia criativa e uma reforma do Estado e da política. Especifica medidas concretas a serem tomadas para a redução das desigualdades no campos tributário, da educação, da saúde, da segurança da cultura. Defende uma efetiva igualdade de gênero e raça. Uma perspectiva libertária para juventude. A promoção de um tipo de desenvolvimento econômico conservando e desenvolvendo nos imensos recursos naturais como no caso teses sobre a Amazônia 4.0 e Amazônia Azul.
74 anos depois do seu nascimento ousa fazer sua autocrítica e propor uma verdadeira revolução democrática, criativa e igualitária através de reformas estruturais que transformem o Brasil numa Potência Criativa e Sustentável. Uma revolução criativa para a nova era do conhecimento.
Já militei, com muito orgulho e gratidão, no PCB. Com alguma lucidez no MDB e no PSDB. E com paixão no PSB onde estou há quase trinta anos. Onde reencontrei velhos companheiros, criei novos laços políticos e afetivos e, principalmente, renovei minha esperança no socialismo, na democracia e no povo brasileiro.
O PSB tem grandes virtudes, alguns defeitos e variadas fragilidades, mas é o meu partido.
Domingos Leonelli
Membro a Comissão Executiva Nacional do PSB e Coordenador do site Socialismo Criativo