O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, escalou militares para dominar as reuniões que estudam a fusão entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A informação foi divulgada nesta segunda-feira (28) pela coluna do jornalista Guilherme Amado, na Revista Época.
Criado em outubro, o grupo de trabalho já fez oito encontros no ministério para avaliar a proposta. De acordo com a publicação, as reuniões tiveram de 66% a 100% de presença militar. Desde o início da gestão, Salles tem priorizado a nomeação de oficiais das forças armadas e das polícias militares para postos-chave do ministério e suas autarquias.
Leia também: TCU indica nomeações irregulares de militares no Ibama na gestão de Salles
No mais recente encontro, realizado em 27 de novembro, apenas quatro militares que vieram da Polícia Militar de São Paulo se reuniram: Luís Gustavo Biagioni, número dois da pasta; Fernando César Lorencini, presidente do ICMBio; Luís Carlos Hiromi Nagao, diretor do Ibama; e Carlos Eduardo dos Santos Monteiro, coordenador do Ibama. No quinto encontro, em 5 de novembro, todos os três participantes eram da PM paulista.
Até o momento, 13 pessoas já compareceram às oito reuniões: nove militares — oito da PM de São Paulo e um bombeiro militar — e quatro civis. Todos eles ligados a Salles. A sociedade civil não teve assento definido no grupo.
Leia também: Ricardo Salles exonera coordenador de fiscalização ambiental do Ibama
Os representantes selecionados por Salles não produzirão nenhum relatório preliminar antes de concluir os trabalhos, previsto para ser concluído até abril de 2021. As atas dos encontros têm se limitado a listar dois ou três tópicos genéricos, sem qualquer detalhamento das discussões.
“A fusão das entidades poderá trazer ganhos de eficiência”, escreveu o secretário-executivo do Meio Ambiente à Consultoria Jurídica da pasta em 30 de setembro, emendando: “Avaliação dessa medida é fundamental para os atuais desafios da gestão ambiental federal no contexto nacional, bem como sob a égide da racionalidade orçamentária na qual a sociedade brasileira fora inserida nos últimos anos”.
Os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Com informações da Revista Época