
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) denunciou nesta sexta-feira (19) os atos de negligência da gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) e de Eduardo Pazuello diante da crise sanitária no Brasil após o ministério da Saúde alegar que avanço da Covid era imprevisível no país.
No seu microblog, o parlamentar questionou a justificativa da pasta de que o “crescimento dos casos em 2021 era imprevisível até o ano passado”, recordando que o ministério adotou medidas anticientíficas no tratamento da doença que ocasionou a pandemia e postergou a aquisição de imunizantes.
Molon também listou as atitudes negacionistas do mandatário, marcada pelas aglomerações e desdém da patologia — apelidando-a de “gripezinha” —, além deste ter figurado como um forte opositor às medidas de distanciamento social. No fim da quinta-feira (18), o país atingiu a marca oficial de 10 milhões de infectados, com quase 250 mil mortos pelo coronavírus.
O min. da Saúde diz que o avanço da covid em 2021 era imprevisível, mas:
— Alessandro Molon ?? (@alessandromolon) February 19, 2021
– Ignora a ciência
– Não tem vacina
– Testes perdendo a validade
– Presidente boicota máscaras/distanciamento
1 ano depois, o governo continua sendo ‘pego de surpresa’ pelo coronavírus. Por que será?
Com a pandemia prestes a fazer o seu primeiro aniversário, o Socialismo Criativo relembra o que o Ministério da Saúde parece ter esquecido: a culpa e o fardo de enorme proporção causada pela gestão ineficaz e imprudente da pasta e do chefe do Executivo.
“Estamos preocupados, obviamente, mas não é uma situação alarmante”, disse Jair Bolsonaro em sua primeira fala pública sobre o coronavírus, em 26 de janeiro de 2020.
Governo recusou ofertas de vacina do Butantan
Uma reportagem da revista Piauí expôs que o governo de Jair Bolsonaro recebeu três ofertas do Instituto Butantan para comprar a CoronaVac, a vacina produzida em parceira com a farmacêutica chinesa Sinovac. A primeira oferta, feita em 30 de julho, informava que o instituto tinha condições de fornecer “60 milhões de doses da vacina a partir do último trimestre de 2020”. A correspondência, assinada pelo diretor do Butantan, Dimas Covas, foi endereçada ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O Butantan nunca recebeu uma resposta sobre a oferta.
Em agosto, o instituto voltou a insistir na proposta, interessado em inserir o imunizante no Plano Nacional de Vacinação. Enviou um segundo ofício em que reafirmava a intenção, prometendo fornecer 45 milhões de doses em dezembro e 15 milhões no primeiro trimestre de 2021, ao custo de R$ 21,50 reais, cada dose
Em outubro, o Butantan decidiu tentar de novo e enviou outro ofício ao Ministério da Saúde. Era mais enfático que os anteriores, fazendo menção as ofertas que não haviam sido respondidas e alertava que era grande a demanda pela CoronaVac no mercado mundial e, também, entre estados e municípios brasileiros. O que recebeu de resposta? Nada.
Tentativa de doação de testes prestes a vencer
O Ministério da Saúde até tentou doar parte dos cerca de 5 milhões de testes para Covid-19 que estão encalhados em um armazém federal, cujo prazo de vencimento expira a partir de abril. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, para evitar desgastar ainda mais a imagem do ministro da Saúde, o governo pretendia entregar ao Haiti um milhão desses exames, mas o plano acabou não indo para frente.
A doação estava condicionada à capacidade do Haiti de realizar as análises a partir do material. Na época, o governo brasileiro comunicou que não doaria reagentes de extração e outros equipamentos necessários para diagnóstico com o teste do tipo RT-PCR.
Vacinação ineficaz
O balanço da vacinação contra Covid-19 da quinta-feira (18) aponta que 5.558.105 de pessoas já receberam a primeira dose de vacina, segundo dados divulgados até as 20h. O número representa 2,62% da população brasileira. Já segunda dose foi aplicada em apenas 837.094 pessoas, o que equivale a 0,40% da população do país.
A imunização da população caminha com lentidão por causa da escassez de doses e da postura negacionista do governo com relação à segurança do imunizante. Enquanto se tratava de remédios sem eficácia, o governo Bolsonaro se tornou vitrine e utilizou o Exército para produzir 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina.
“O Brasil está quebrado. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do imposto de renda… Teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos”, disse o mandatário em janeiro.