O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) insinuou nesta terça-feira (15) que “alguém” da oposição, alocado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), seria o responsável por divulgar dados negativos sobre as queimadas no país.
“É alguém lá de dentro que faz oposição ao governo. Eu estou deixando muito claro isso aqui. Quando o dado é negativo, o ‘cara’ vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga”, disse o general a jornalistas, na entrada do prédio da vice-presidência. Quando questionado sobre quem seria o suposto opositor ou a respeito de provas pela denúncia, Mourão desconversou: “Não sei, não sou diretor do Inpe”.
Os dados sobre queimadas no país, na verdade, são públicos, atualizados diariamente, e estão disponíveis em uma página especial do Inpe na internet. As informações compõem relatórios sobre todos os biomas, indicando o crescimento nos últimos cinco dias e a comparação com o mesmo período do ano anterior.
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Também é possível ter dados nacionais, por estado e por bioma, além de rastrear os municípios com maior número de focos de incêndio. Esta semana, por exemplo, os dados do Inpe apontaram a existência de 133.974 focos de incêndio acumulados em todo país entre 1º de janeiro e 14 de setembro, um aumento de 13% em relação ao ano passado.
Os dados que faltam a Mourão…
Só na Amazônia estão 64.498 desses pontos de queimadas. Os números deste mês mostram ainda uma aceleração nos incêndios. Até 14 de setembro de 2019, o Inpe registrou 11.003 focos acumulados na Amazônia. Em 2020, nos mesmos 14 primeiros dias do mês, já são 20.485, indicando um aumento de 86%.
No Pantanal, os incêndios aumentaram 210% neste ano em comparação com o mesmo período de 2019, segundo relatório publicado na segunda-feira (14) pelo Inpe. Entre 1º de janeiro e 12 de setembro, o número de focos de calor chegou a 14.489, contra 4.660 em 2019. Mesmo a três meses do fim de 2020, esse já é o ano com o maior índice de queimadas para o bioma.
O recorde anterior era de 2005, quando foram registrados 12.536 incêndios, sendo que os números começaram a ser medidos em 1998. A situação é tão grave que levou os governadores do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, Mauro Mendes (DEM) e Reinaldo Azambuja (PSDB), respectivamente a decretarem situação de emergência e estado de calamidade nos estados.
Ao menos 79 municípios do Mato Grosso do Sul e 1,4 milhão de hectares foram atingidos, incluindo áreas de proteção ambiental e de preservação permanente.
No Mato Grosso, em apenas dois dias, foram quase cinco mil focos de calor, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estado chegou a 32 mil focos em 2020, 36% a mais do que em 2019. A velocidade de propagação do fogo é tanta que animais não têm tempo de reação. Muitos são encontrados já agonizando.
Com informações do UOL e Jornal Nacional