Em reunião com senadores, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu a reestruturação dos órgãos que atuam na Amazônia para a imediata retirada dos militares
Em reunião com senadores nessa terça-feira (14), o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu que a reestruturação dos órgãos que atuam na Amazônia seja prioridade, de forma a encerrar o quanto antes a presença dos militares na região.
Segundo o Valor, essa não é a primeira declaração de Mourão que deixa claro o sentimento de desconforto da ala militar do governo com a exposição a que as Forças Armadas estão sendo submetidas na gestão do presidente Jair Bolsonaro. A questão, inclusive, já gerou uma crise com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No último final de semana, o magistrado fez críticas ao papel desempenhado pelos militares na condução das políticas de combate à pandemia, chegando a dizer que as Forças estariam se associando a um genocídio. A fala gerou forte reação dos fardados, que já vinham irritados com a exposição dos militares.
No entanto, mesmo contrariado, o vice afirmou que hoje a presença é necessária para garantir a integridade física dos servidores dos órgãos fiscalizadores, citando ICMBio, Ibama, Funai e Incra. “Nossas agências perderam capacidade operacional, daí a necessidade das Forças Armadas”. Mas reforçou, “queremos tirar as Forças mais rápido possível desse tipo de atividade”.
Proteção dos povos indígenas e quilombolas
Nomeado por Bolsonaro para comandar o Conselho da Amazônia, Mourão disse que o presidente não o consultou sobre os vetos às medidas de proteção dos povos indígenas e quilombolas durante a pandemia do novo coronavírus.
No entanto, chamou de “falácia” a versão de que há cerca de 20 mil garimpeiros em terras yanomamis. Mourão afirmou que os relatórios de inteligência falam em cerca de 3,5 mil garimpeiros na área, espalhados em 400 pontos de garimpo. Ele alertou ainda que uma eventual retirada deles não será muito fácil.
“Não é como tirar camelôs da avenida Presidente Vargas”, comparou Mourão, referindo-se a um famoso ponto de comércio informal no centro do Rio de Janeiro. “Não se resolve só com repressão”, complementou.
Possível demissão de Salles
Durante a reunião, a maioria dos senadores da região amazônica manifestou uma posição um pouco mais alinhadas ao governo, especialmente nas crítica à forma pela qual outros países vêm criticando o Brasil. Esses parlamentares defenderam a necessidade de desenvolvimento econômico da Amazônia e ressaltaram os interesses particulares de quem critica o Brasil.
Já os senadores de oposição e aqueles mais alinhados ao agronegócio, disseram que a solução passa pela demissão de ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O vice, entretanto, se limitou a dizer que Salles, “por enquanto”, tem a confiança de Bolsonaro.
Com informações do jornal Valor.