
Suellen Rosim (PATRI), a primeira mulher eleita prefeita pela cidade de Bauru, no interior do estado de São Paulo, está sendo alvo de racismo por parte de seus adversários políticos. Negra, ela recebeu mensagens de opositores dizendo que a política teria “cara de favelada” e que “gente de cor não tem competência”. A polícia investiga as declarações.
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Eleita em segundo turno com 89.725 votos, a candidata do Patriota era jornalista da TV TEM, emissora afiliada à Rede Globo na região. Rosim acabou assumindo a ponta das eleições em sua primeira tentativa para pleitos eleitorais e venceu o tradicional candidato Dr. Raul no segundo turno.
Ataques
Suellen Rosim é do Patriota, partido de extrema-direita, e venceu eleição contra direita tradicional em Bauru, no interior de São Paulo
Consciente da derrota, a base de Dr. Raul apelou para ataques racistas contra Suellen. Capturas de tela do Whatsapp mostram mensagens em grupos atacando a candidata no dia 26, às vésperas do pleito. Ela divulgou as informações após os resultados eleitorais.
Nos trechos, um homem diz que “não podemos eleger aquela mulher com cara de favelada para ser nossa prefeita. Essa gentinha irá afundar Bauru”, afirma o racista. “Não tenho nada contra, mas essa gente de pele escura, com cara de marginal administrado essa cidade, será o fim”, continua. Depois, uma mulher complementa o racismo: “Essa gente de cor, representada por essa tal de Suéllen, não vai saber administrar a cidade, não tem competência.”

Suellen: “Não irão me calar”
Através de suas redes sociais, a candidata do Patriota atacou os racistas e afirmou que tomará as medidas judiciais cabíveis quanto ao caso.
“Recebi conversas de cunho racista feitas em um grupo de WhatsApp e comentários nas redes sociais. Jamais me silenciarei diante de algo tão sério. É inadmissível. Já tomei as medidas judiciais necessárias. Obrigada pelas mensagens de apoio! #racismonão“, escreveu. “Entramos com todas as medidas judiciais possíveis para que essa pessoa seja identificada e diante da justiça corrigida. Isso não se faz muito menos em um ambiente de internet, onde as pessoas postam o que querem, comenta o que bem entendem. Nós estamos em um tempo que isso não é mais permitido, faço isso por mim e por tantas pessoas que enfrentam esse tipo de situação”, pontuou.
A prefeita eleita também comentou sobre a busca das mulheres negras por espaço no poder público e que a atitude racista não irá silenciá-la.
“Eu represento muitas mulheres, muitas negras que buscaram o seu espaço ao longo desse trajeto, não só na política, mas em todas as áreas. Então eu quero deixar essa mensagem de respeito e de representatividade. E com isso eu já começo o governo deixando essa mensagem diante do que eu me senti ofendida, mas que isso não vai me calar e não me tornar invisível”, completa.
Com informações do G1 e Hypeness