O Brasil está entre os países do G20 que mantêm hábitos alimentares menos sustentáveis, com elevadas emissões carbônicas. Em razão disso, relatório internacional calcula que seriam necessários sete planetas para alimentar o mundo se todos habitantes da terra comessem como os brasileiros e os americanos.
Além de Brasil e EUA, a dieta abundante em bifes e derivados do leite está presente na maioria dos países do G20, como Alemanha, Argentina, Canadá.
“Esse relatório mostra que o consumo de alimento nos países do G20 é insustentável, requerendo [a capacidade de produção de] até 7,4 Terras, se adotado globalmente”, comentou João Campari, diretor global de Prática Alimentar do fundo ecológico WWF.
O relatório pontua que o excesso vai contra as próprias diretrizes nutricionais dos países, destaca o portal alemão DW. A Alemanha, por exemplo, recomenda 50 gramas diários de carne vermelha, e o consumo real é de quase 110 gramas.
As diretivas dietéticas globais são de, no máximo, 28 gramas. Falta a quase todos os países examinados o consumo maior de frutos secos e leguminosas.
“Diretrizes dietéticas nacionais são um fator que os países podem usar para impulsionar a urgentemente necessária transformação para dietas mais saudáveis, sustentáveis, e, em última análise, um sistema alimentar mais resiliente”, frisou o principal autor do relatório, Brent Loken.
Relatório
Os apontamentos são do estudo Diets for a better future (Dietas para um futuro melhor), publicado na quinta-feira (16/07). Trata-se do primeiro relatório comparativo das emissões de carbono provocadas pelo consumo alimentar no G20.
“A pandemia é uma manifestação de nossa relação deteriorada com a natureza, e como a forma de produzir e consumir comida está no cerne disso”, reforçou Campari.
Publicado pela ONG EAT, sediada na Noruega, o relatório focou tanto nas taxas de consumo quanto nas diretivas dietéticas nacionais das 20 principais economias. Juntas, essas nações concentram 64% da população mundial, mas também 75% do total de dióxido de carbono relacionado à cadeia alimentar humana.
G20
O G20 reúne as 19 nações mais industrializadas e a União Europeia. Nesse grupo, apenas a Índia e a Indonésia sustentam uma dieta suficientemente baixa em emissões de CO2.
Segundo Corinna Hawkes, diretora do Centre for Food Policy da Universidade de Londres, “o sistema alimentar está muito longe de fornecer dietas que alcancem saúde e bem-estar dentro dos limites planetários”.
Ela anuncia que “a boa notícia é que há muito que os governos, empresas e cidadãos podem fazer para que isso aconteça, construindo em cima da ação existente”, a fim de trazer benefícios para todos.
O G20 é integrado pelos seguintes membros permanentes: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Emissões de CO2
Cerca de 40% das emissões de CO2 na produção global de alimentos vêm da criação de gado e aves para abate. Neste percentual também estão: lixo alimentar, uso de fertilizantes, conversão de terras e desmatamento para produzir safras comerciais.
Quanto à participação dos países na emissões, a Argentina, por exemplo, excede em quase cinco vezes os limites da sustentabilidade climática, seguida pelo Canadá, Brasil, Estados Unidos, Rússia e Austrália.
Já a China, cujo crescimento econômico contínuo tem inflado o consumo de carne e alimentos importados, apresenta uma dieta nacional que, se adotada em escala planetária, elevaria o aquecimento global a 3ºC.
Com informações do DW.