O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o principal responsável pelo fato de o Brasil ser atualmente o epicentro global da pandemia da Covid-19. O país alcança números crescentes de óbitos, médias móveis e internações pela doença nas últimas semanas.
A catástrofe nacional ocorre depois de um ano em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a maior crise sanitária desta geração. O agravamento da tragédia é resultado da sequência de erros do chefe do Executivo, que segue ignorando a ciência, negando a gravidade da crise e negligenciando uma ação nacional de combate ao coronavírus.
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Esse cenário do descaso de Bolsonaro com a pandemia da Covid-19 foi traçado por Diego Xavier, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo ele, muitas mortes poderiam ter sido evitadas se não fosse o negacionismo, a falta de distanciamento social e o não uso das máscaras.
“A gente teria evitado essa situação se não fosse o negacionismo. Não é uma disputa de poder político, é uma questão sanitária. O [Sistema Único de Saúde] SUS é tripartite, não é um ‘manda que eu obedeço’. Não é assim, nunca foi assim. Só faz isso quem não conhece o SUS.”
Diego Xavier, epidemiologista da Fiocruz
Disputa política de Bolsonaro
Xavier critica a disputa deflagrada entre Bolsonaro e, especialmente, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB). Além da frase do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, quando foi repreendido pelo presidente por dizer que o governo federal compraria milhões de doses da CoronaVac.
Na ocasião em que falou da CoronaVac, Pazuello foi repreendido pelo chefe, que não queria o imunizante por ser produzido na China comunista. Como o governo federal não conseguiu comprar vacinas de outros países, foi obrigado a se render à vacina produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a Sinovac, laboratório do país asiático.
Falta coordenação nacional para Covid-19
A explosão de mortes e contaminações por Covid-19 no Brasil não dá sinais de que vai arrefecer em pouco tempo. O país segue na contramão do mundo, enquanto os outros países decretaram medidas rígidas, como o lockdwon associado à vacinação em massa, o Brasil não tem vacinas em número suficiente para toda a população e o presidente trabalha diariamente contra o isolamento social.
Além disso, é alarmante a queda da adesão às medidas preventivas e a omissão do Ministério da Saúde e do presidente da República em implementar, estimular, controlar e fiscalizar o cumprimento de normas de distanciamento social. Essa negligência contribuiu para piorar a situação da pandemia da Covid-19, especialmente após o surgimento das novas variantes do coronavírus, mais transmissíveis e letais, que seguem sendo espalhadas pelo Brasil.
Socialistas responsabilizam Bolsonaro pela tragédia da Covid-19
Parlamentares do Partido Socialista Brasileiro (PSB) compartilham da visão do especialista da Fiocruz e atribuem a situação alarmante da pandemia da Covid-19 no Brasil às ações ー ou falta delas ー de Bolsonaro.
O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) comentou sobre a live semanal do presidente desta quinta-feira (18), na qual imitou uma pessoa com falta de ar e ironizou o sofrimento das vítimas da Covid-19.
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) falou sobre o levantamento que mostra que um em cada quatro mortos pela Covid-19 são brasileiros. Ele atribui a responsabilidade dessa tragédia a Bolsonaro.
Os dados da Covid-19 no Brasil citados por Molon foram apurados pelo consórcio de veículos de imprensa integrado pela Folha de S.Paulo, UOL, G1, O Estado de S. Paulo, Extra e O Globo. As informações são coletadas até as 20h com as secretarias de saúde dos estados e do DF. Os números referentes à pandemia do coronavírus no mundo são compilados pela Universidade Johns Hopkins (EUA).
Tadeu Alencar, deputado federal do PSB-PE, falou sobre a ação movida por Bolsonaro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra regras de governadores de combate à Covid-19. O presidente anunciou na live semanal desta quinta-feira (18) que pediu a suspensão de decretos adotados pelo Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.
Com informações da CUT