Na tentativa de reverter seu fraco desempenho nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PL) intensifica seus ataques contra o sistema eleitoral do país. Em sua mais recente tentativa, Bolsonaro decidiu processar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O atual ocupante do Palácio do Planalto acusa o magistrado de abuso de autoridade e tenta imputar a Moraes as acusações de “ataques à democracia, desrespeito à Constituição e desprezo aos direitos e garantias fundamentais”. Crimes pelos quais Bolsonaro e seus aliados são investigados.
Não é a primeira vez que Bolsonaro tenta se livrar de acusações atacando Alexandre de Moraes. Em dezembro do ano passado, ele apresentou um pedido de impeachment contra o ministro no Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) arquivou a proposta.
Agora, indo de mal a pior nas pesquisas, embora algumas até indiquem certo crescimento de Bolsonaro em locais ou nichos específicos, ele tenta manter sua tentativa de golpe acesa e amplia os ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já que Moraes vai passar a presidir a Corte eleitoral nas eleições.
O intuito é o mesmo: colocar o sistema eleitoral sob suspeita para seu eleitorado e preparar o discurso da derrota nas urnas.
Delírios de Bolsonaro
Na notícia-crime apresentada por Bolsonaro ao STF, ele apresenta cinco alegações contra Moraes.
Na primeira, reclamou do prazo ‘exagerado’ do inquérito da fake news, investigação que ele afirma ser infundada. Apesar de ter divulgado em uma de suas lives inquérito sigiloso do TSE de maneira deturpada e ter apresentado em outras ‘provas’ de falhas no sistema eleitoral brasileiro vídeos antigos que circulavam na internet e desmentidos reiteradas vezes.
Em segundo lugar, alega que a ‘defesa não tem acesso aos autos’ e, em terceiro, que a investigação contra ‘não respeita o contraditório’. Em seguida, questiona medidas determinadas por Moraes que, segundo Bolsonaro, não seriam previstas pelo Código Penal nem no Marco Civil da Internet.
Por fim, afirma que PF concluiu que ele não teria cometido crime em sua live com mentiras e ataques às urnas eletrônicas, mas que Moraes estaria insistindo ‘em mantê-lo como investigado’.
O que é bem diferente do que foi informado pela PF. Em janeiro, a delegada Denisse Ribeiro enviou relatório ao Supremo em que confirmou elementos que indicam cometimento de crime e “atuação direta, voluntária e consciente” de Bolsonaro na divulgação das informações.
Para a PF, a própria live de Bolsonaro e a publicação da íntegra do inquérito nas redes do presidente confirmam a atuação criminosa de Bolsonaro.
Efeito bumerangue
De acordo com a jornalista Andreia Sadi, da Globo News, na visão de ministros do STF, integrantes da campanha de Bolsonaro e fontes militares, a jogada ‘terá efeito bumerangue, uma vez que o ataque a um ministro é um ataque à toda corte, todo Judiciário’.
Ainda de acordo com a jornalista, parlamentares confirmam que Bolsonaro intensificou os ataques porque parou de subir nas pesquisas. A equipe do atual presidente acreditava que em maio ele já teria superado Lula (PT) nas pesquisas.
Com informações da Folha e O Globo