
O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, tomou posse nesta terça-feira (6). Em seu primeiro discurso, o chanceler acenou para diversas mudanças de rumo em relação ao seu antecessor, dizendo que o Itamaraty fará uma “verdadeira diplomacia da saúde”. Ele assumiu em lugar de Ernesto Araújo, que deixou o governo após ser alvo de severas críticas, especialmente na atuação frente a assuntos relacionados à pandemia da Covid-19.
Leia também: Para Ernesto Araújo, é ‘terrivelmente injusto’ considerar Brasil ameaça global
O ato de transmissão do cargo do novo chanceler foi fechado à imprensa e não teve veiculação em tempo real. Posteriormente, o Ministério das Relações Exteriores divulgou o conteúdo do discurso nos portais do governo.
Novo chanceler muda o tom
França assume a pasta adotando um tom mais conciliador, em contraponto ao antecessor. A ruptura com o modelo de gestão de seu antecessor ficou evidente em diversos pontos do discurso de França.
O novo chanceler reconheceu que é preciso intensificar e aumentar as ações de articulação não apenas nas relações com outros países, mas também órgãos públicos, como o Congresso Nacional. É importante lembrar que algumas das principais críticas a Ernesto Araújo vieram justamente da Câmara dos Deputados e do Senado.
Antes mesmo de assumir, o novo ministro já se reuniu com os presidentes das comissões de Relações Exteriores da Câmara Federal e do Senado. O gesto é uma tentativa clara de aproximação do Legislativo, para minimizar os efeitos negativos da atuação do antigo chanceler.
Momento de urgências
Além das questões envolvendo a área da saúde, o novo ministro citou duas “urgências” como primeiras frentes de trabalho da pasta.
“O momento é de urgências. E o presidente Bolsonaro instruiu-me a enfrentá-las. Essa é a nossa missão mais imediata. Sublinho aqui três delas: a urgência no campo da saúde, a urgência da economia e a urgência do desenvolvimento sustentável.”
Carlos Alberto França
Sobre a questão do meio ambiente, cuja atuação do antigo ministro também foi criticada, o novo ministro afirmou que há uma “urgência em outra escala de tempo – mas é urgência”. Araújo chegou a questionar diversas vezes sobre haver mudanças no clima causadas pela ação do homem, mencionando uma suposta “ditadura climática” no mundo.
Mesmo reconhecendo a urgência do tema, que rende críticas ao Brasil de lideranças de todo o mundo, França defendeu a atuação do país, que, segundo ele, “está na coluna das soluções” quando se trata de desenvolvimento sustentável. O ministro mencionou pontos como a matriz energética predominantemente renovável, uma “das mais rigorosas” legislação ambiental e uma produção agropecuária com a “marca da sustentabilidade”.
A questão climática foi um ponto de atrito do Brasil com o governo dos EUA desde que o democrata Joe Biden assumiu a presidência. O chefe de estado estadunidense tem no combate às mudanças climáticas uma de suas bandeiras. Autoridades da Casa Branca mantêm conversas com o Brasil sobre o desmatamento na Amazônia.
Diálogo se impõe
O novo ministro também afirmou que “o diálogo se impõe” com a “vizinhança”, em uma clara referência à Argentina, com quem o Brasil tem uma relação turbulenta desde a eleição do presidente Alberto Fernández, em 2019. França mencinou os acordos nucleares com os argentinos, dizendo que são “símbolo do predomínio da cooperação sobre a rivalidade”.
“O Mercosul, que também completa três décadas, representa uma etapa construtiva da integração com nossos vizinhos. E é preciso ir além, abrindo novas oportunidades.”
Carlos Alberto França, ministro das Relações Exteriores
Com informações do UOL e de O Globo