A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que segue bastante preocupada com a profunda crise sanitária que se instalou no Brasil. Definindo a situação como “muito, muito preocupante”, Mariângela Simão, brasileira e diretora de acesso a remédios, vacinas e produtos farmacêuticos do órgão, aproveitou uma entrevista coletiva para enviar um recado a Marcelo Queiroga, recém-empossado ministro da Saúde.
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Perguntada sobre que mensagem passaria neste momento para o quarto ministro da pasta a ser nomeado por Jair Bolsonaro (sem partido) desde o início da pandemia, ela afirmou ser fundamental que ele se entendesse e trabalhasse próximo aos governadores e prefeitos do país.
“Adotar políticas de saúde baseadas em ciência nas três esferas federativas é extremamente importante num momento em que há disseminação do coronavírus em todas as regiões do país. Mais que nunca é necessário alinhamento”, afirmou ela.
Nesta terça-feira (23), o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu um revés no Supremo Tribunal Federal (STF) ao ver negado o pedido para anular as restrições de combate à Covid-19 impostas por governadores.
Coerente e coesa
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, também estava presente na coletiva e, mais uma vez, classificou a situação do Brasil como crítica. Ele destacou o aumento no número de mortes, que dobrou entre 15 de fevereiro e 15 de março e reforçou a fala de Mariângela Simão, colocando o alinhamento entre governo federal e outras instâncias como primordial.
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“O número de mortes aumenta. O número de casos aumenta. O Brasil precisa levar isso a sério”, disse. “Tanto o governo como o povo”, insistiu Tedros.
Michael Ryan, diretor de operações da organização, reforçou o coro pelo melhor diálogo do governo federal com os estados. Ele lembrou que o país sempre foi referência em saúde e um dos grandes líderes mundiais no tema.
“O Brasil é um líder em saúde pública e tem sido um líder global nisso. O que precisa ocorrer é alavancar tudo isso. Desejamos sorte ao novo ministro e pedimos que trabalhe o mais próximo possível com os estados e que construa uma resposta coerente e coesa que possa ser mantida ao longo do tempo”, afirmou.