Por George Marques*
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) bem que tentou surfar no prestígio das Forças Armadas ao dizer no último domingo que as Forças estariam do lado dele [pra quê?], mas foi desmentido nessa segunda (5) por generais do Alto Comando.
O comando das Forças tampouco pareceu querer endossar de maneira enfática a reclamação feita pelo presidente no sábado, no Palácio da Alvorada, aos chefes das três Forças sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, apesar de concordarem em parte.
Indicativo disso é a nota divulgada ontem por Fernando Azevedo, ministro da Defesa, em que ele classifica como “inaceitável” a agressão a jornalistas em uma manifestação bolsonarista no domingo.
Entretanto, o documento afirma, genericamente, que “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País”.
A nota reforça ainda a gravidade da pandemia de covid-19, desdenhada por Bolsonaro, dizendo que o enfrentamento à doença “requer esforço e entendimento de todos”.
Com isso, a tentativa de Jair Bolsonaro de consumar um golpe de Estado, artimanha já percebida até no mundo mineral de Brasília, encontra-se por ora embarreirado entre as Forças.
Seria uma aventura tresloucada, que ao menos por ora não encontra respaldo entre generais da ativa e ministros-generais atuantes no Palácio do Planalto.
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George Marques é jornalista, Relações Públicas, especialista em comunicação pública, comunicação política no legislativo. Foi indicado ao Prêmio Comunique-se de Jornalismo.