Neste sábado (1o) é celebrado o Dia do Trabalhador. Os valores ligados ao trabalho e às lutas e conquistas dos trabalhadores, são as principais referências dos socialistas de todas as matizes. As primeiras lutas pela redução das jornadas de trabalho nos Estados Unidos, que culminaram com os acontecimentos de 1886 em Chicago, foram dirigidas pelos anarquistas. Sociais-democratas, anarquistas, comunistas e socialistas, desde o Manifesto Comunista escrito pelos jovens Karl Marx e Friedrich Engels, em 1848, em que os “operários de todo o mundo“ são conclamados a unirem-se, têm no trabalho e nos trabalhadores o eixo central de suas lutas e suas visões ideológicas.
O primeiro dia de maio é feriado nacional em praticamente todo o mundo. A comemoração foi sendo conquistada em cada país desde as primeiras décadas do século XX. Iniciando-se pela França, União Soviética e Suécia. No Brasil, foi transformado em feriado nacional ainda 1924. Antes disso, porém, em 1906, realizou-se nesse dia o I Congresso Operário no Rio de Janeiro, dirigido por anarquistas e socialistas. E, em 1919, um grande comício na Praça Mauá. Depois, no entanto, o dia primeiro de maio seria disputado entre o movimento sindical de esquerda e a ditadura de Getúlio Vargas.
Leia também: 14,4 milhões de brasileiros desempregados, pior cenário desde 2012
Trabalho e trabalhador em transformações velozes
Mas desde as últimas décadas do século XX e, especialmente, nessas primeiras décadas do século XXI, tanto o trabalho como os trabalhadores estão diante de transformações sem precedentes, tanto em velocidade como em profundidade. O modo de produzir em todos os setores – nas indústrias, na agricultura, nos serviços, no comercio, na cultura – foram e estão sendo alterados pelos avanços tecnológicos de tal forma que praticamente destruíram as fronteiras entre a diversas atividades.
Os robôs estão substituindo os operários em inúmeras fases da produção. A inteligência artificial já substitui boa parte do trabalho intelectual. A tecnologias de informação e comunicação projetam um novo mundo para a produção artística em praticamente todas a linguagens. O capital encontra novas formas de acumulação e novas formas da exploração do trabalho. Surgem novas formas de trabalho e novos trabalhadores.
Feliz ou infelizmente o “chão de fábrica“ já não é o front mais avançado do trabalho e da produção. Claro que as fábricas continuarão a existir, na nova economia do conhecimento, como a agricultura, o artesanato e o comércio continuaram a existir com o advento das fábricas movidas à eletricidade.
Trabalhador e revolução criativa
Mas a indústria manufatureira que durante os dois ou três últimos séculos foi a protagonista da economia, está deixando de ser. E a classe operária industrial, vanguarda revolucionária do antigo capitalismo? Por que tipo de trabalhadores será substituída, enquanto vanguarda?
Os trabalhadores manuais, intelectuais, os especialistas em informática, os técnicos em programação, os artistas das mais variadas linguagens, os pesquisadores científicos, os profissionais da saúde – que na terrível pandemia do coronavírus mostraram-se tão essenciais–, os criadores de softwares, os agricultores, os zootécnicos, os cientistas da natureza, os técnicos ambientais, os engenheiros sociais responsáveis pelas novas organizações, as lideranças comunitárias, enfim, as pessoas que operam esse novo mundo do trabalho vão precisar de pontos criativos de unidade e luta.
Unidade, luta e criatividade contra as novas formas de organização do capital tão ou mais vorazes que as formas mais antigas. Um capitalismo que ceifa impiedosamente empregos, sonhos e vidas. Que se acumula na lógica da destruição do patrimônio ambiental. E que criou um poderoso aparato ideológico e cultural para defender a sua perpetuação. As forças do trabalho, e dos antigos e novos trabalhadores, precisarão unir-se sob a bandeira de uma revolução criativa para uma nova era.