I – O Que é Economia Criativa.
Economia Criativa é a denominação geral que se deu ao conjunto de atividades – produtos e serviços – que se originam no conhecimento, na criatividade no capital intelectual. É a economia do intangível, do simbólico.
O conceito teve origem na Austrália e transformou-se pela primeira vez em política econômica no final dos anos 90 no governo trabalhista de Tony Blair, a partir da revolução tecnológica e da queda da produção industrial na Inglaterra.
Alguns autores consideram que a economia criativa é a etapa da evolução econômica que vem depois do extrativismo agrícola e da industrialização. Etapa onde os produtos oriundos da criatividade e do talento, passam a ter um valor de mercado superior ao valor do produto material manufaturado.
Tomemos como exemplo o produto mais usado no mundo, o celular. Calcula-se que o valor de um telefone celular seja mais de 90% determinado pelo que ele possui de inteligência embarcada: os seus aplicativos valem mais que o metal, o plástico, a bateria e a própria fabricação de celular.
E como esses aplicativos ligam-se à produção intelectual a partir da criação dos seus desenhos e às extensões artísticas do cinema, das artes plásticas, da informação (dicionários, calculadoras, jornalismo, fotografia, fecebook) é que se pode afirmar que um celular é muito mais um produto criativo que industrial.
Um outro exemplo o automóvel que já foi considerado pelo marxista francês Henri Lefebvre como “objeto rei do capitalismo”. A estrutura básica de qualquer automóvel, motor, eixo, rodas, faróis, direção custam no Brasil 30 mil reais. Entretanto o seu design/marca e os equipamentos criativos como sistema de navegação, GPS, sistema de som e DVD, computador de bordo, inteligência artificial, piloto automático, podem elevar o valor de um automóvel para 150.000 mil reais.
Isso de alguma forma aplica-se a camisas, vestidos, calças, sapatos, bolsas que tem o seu valor determinado muito mais pelo desenho e pela marca do que pela quantidade de algodão, couro e processo físico de fabricação. É verdade que a pirataria de marcas exerceu, numa certa medida, uma subversão nesse universo.
Antes da sociedade pós-industrial em que vivemos uma obra de arte fosse ela uma pintura ou uma escultura transformava-se em mercadoria quando era comercializada. Hoje, como observa o professor Paulo Miguez vice-reitor da UFBA, ocorre o inverso: as mercadorias são culturalizadas quando recebem signos e marcas culturais criativas.
E como a economia criativa resulta da acumulação de saberes e fazeres ao longo da história da humanidade, ela se incorpora a um conjunto de atividades relacionadas a cultura e as artes, a inovação tecnológica e a criatividade de maneira geral. Do artesanato ao software.
O Plano Estratégico da Economia Criativa de São Paulo, elaborado pela Fundação Vanzolini sob supervisão do Instituto Pensar para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do governo de São Paulo define assim o conjunto de atividades do setor:
A economia criativa relaciona-se com conceitos como a revolução da comunicação e suas implicações no Estado e na sociedade, profundamente estudada pelo sociólogo espanhol Manuel Castells. Bem como ao conceito de terceira revolução industrial de Jeremy Rifkin, com suas implicações na geração de energia e no meio ambiente.
Carlos Siqueira
Domingos Leonelli