Por George Marques*
Jair Bolsonaro já deixou evidente que fará o possível para desacreditar a vacina chinesa e, se puder, até inviabilizar a sua aplicação.
O Brasil está diante de uma das mais graves crises de saúde pública: nesta terça (10) o mandatário teve a ousadia de comemorar a morte de um paciente, e consequentemente a suspensão da terceira fase de testes do imunizante chinês.
Sem qualquer evidência que corroborasse suas alegações, bem a seu feitio, Bolsonaro escreveu que a Coronavac provocaria “morte, invalidez, anomalia”. Trata-se de uma mentira, uma irresponsabilidade que mostra que não há limites para Bolsonaro quando o que está em jogo são seus interesses particulares. Dane-se o interesse público.
O presidente prosseguiu afirmando que “esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Ganha o quê, senhor presidente? Isso por acaso é uma batalha pessoal? Não é a vida dos brasileiros que está em jogo? E as mais de 163 mil vidas perdidas pelo coronavírus, pouco importam?
Em um evento no final da tarde no Palácio do Planalto, o inconsequente presidente produziu mais um show de horrores: disse que o Brasil não poderia ser um país de “maricas“, para arrematar logo em seguida: “quando acaba a saliva tem que ter pólvora”, em comentário a Joe Biden e sua iniciativa de despejar 20 bilhões de dólares na proteção da Amazônia, hoje alvo de devastação e exploração ilegal na política de Ricardo Salles para transformar a floresta em pasto.
Surpreendeu-me no dia de ontem alguns amigos chocados que Bolsonaro comemorou a morte, repetindo, a MORTE de um voluntário que fazia parte dos testes da vacina chinesa, por mais que o óbito não tenha nenhuma relação com a vacina.É de uma monstruosidade, pois de fundo há uma briga entre ele e o governador de São Paulo, João Doria, pelo protagonismo da primeira vacina contra a Covid-19 que chegará em breve ao Brasil.
Este é apenas mais um exemplo que o Bozo pouco importa com a vida do brasileiro, mas o que lhe interessa é salvar a própria pele, ou a dos filhos que ele mesmo ensinou a roubar dinheiro público por intermédio das “rachadinhas”.
Neste contexto de desordem o Congresso Nacional, na figura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deveria reagir a mais esse indício de crime de responsabilidade de Bolsonaro e acatar um dos 60 pedidos de impeachment guardados na Câmara. Seria este o remédio adequado para um presidente delinquente que atenta reiteradamente contra a saúde pública do país. Chega de inércia, Maia.
Por fim, o ruim de ter um presidente que reiteradamente comete crimes de responsabilidade sem punição é essa conduta passar a imagem de conivência a futuros governantes. Se Bolsonaro pinta e borda, politiza uma vacina no meio duma pandemia, o que impedirá outros de fazerem igual? Ou pior?
George Marques é jornalista, Relações Públicas, editor-chefe do Socialismo Criativo. Passou pelos veículos The Intercept Brasil, Revista Fórum e Metrópoles. Foi indicado ao Prêmio Comunique-se de Jornalismo Político.
estamos numa era sombria mesmo, uma pessoa que escreve tanta barbaride como vc se julga jornalista??? Final dos tempos, quem pode dar crédito a uma pessoa que passou pelo Intercept? Aquele que criou tantas fake news que o próprio Verdewaldo sumiu do mapa…que momento triste desse país.