
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), determinou nesta quarta-feira (7) a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias. Segundo Aziz, a decisão foi tomada porque Dias mentiu e cometeu perjúrio, isto é, violou o juramento de falar de verdade.
O depoimento de Dias começou por volta das 9h e encerrou em clima tenso por volta das 17h45. Ele foi convocado a dar explicações sobre as acusações de que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina em negociações e teria pressionado um servidor do ministério a agilizar a aquisição da Covaxin, vacina produzida na Índia. Dias nega as duas acusações.
Durante o depoimento, Aziz acusou Roberto Dias de ter mentido e ter omitido informações da comissão.
“Chame a polícia do Senado. O senhor está detido pela presidência da CPI.”
Omar Aziz
A decisão de Aziz provocou reação da advogada de Roberto Dias. Ela afirmou que a prisão é um “absurdo” e que o ex-diretor deu “contribuições valiosíssimas” para a comissão.
A advogada ainda questionou se Roberto Dias continuaria na condição de testemunha ou se havia passado à condição de investigado. “Se estiver na condição de investigado, eu vou orientar que ele permaneça em silêncio”, declarou a responsável pela defesa do ex-diretor.
Pouco depois do fim da conturbada sessão, Aziz foi as redes sociais comentar a decisão de mandar prender o depoente.
1 dólar de propina por dose de vacina
O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, no depoimento à CPI, negou ao colegiado que tenha pedido propina para autorizar a compra da vacina AstraZeneca pelo governo federal.
Dias confirmou que encontrou Dominguetti em um restaurante de Brasília no dia 25 de fevereiro deste ano, mas diz que o PM chegou à mesa levado pelo coronel Marcelo Blanco.
Ele afirmou que havia saído para tomar um chopp com o amigo José Ricardo Santana, quando Dominguetti chegou com o militar e falou sobre a proposta.
“Fui tomar um chope com um amigo e em determinado momento se dirigiu a mim o coronel Blanco ao lado de uma pessoa que se apresentou como Dominghetti, que disse representar empresa com 400 milhões de doses da AstraZeenca.”
Roberto Dias
Socialistas comentam prisão de Dias
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), comentou sobre a medida de Aziz.
O líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), também comentou a decisão do presidente da CPI.
O deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) ressaltou que Aziz determinou a primeira prisão em flagrante da CPI da Pandemia.
Caso Covaxin na CPI
Segundo a denúncia do policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, Dias teria pedido US$ 1 por dose durante um jantar em Brasília. O ex-diretor, por sua vez, afirmou que está sendo injustamente acusado, que as acusações não têm materialidade e chamou o PM de ‘picareta’.
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Durante sua fala, Dias Ferreira atacou Dominguetti, que teria negociado com ele a venda superfaturada de vacinas, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF), a quem acusou de “mentir” sobre o esquema de corrupção na pasta.
“Estou sendo acusado sem provas por dois cidadãos. O senhor Dominguetti, que aqui nessa CPI foi constatado ser um ‘picareta’, que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde e durante sua audiência deu mais uma prova de sua desonestidade, mostrando não ser merecedor de nenhum crédito desta casa. O nobre deputado federal Luis Miranda conforme notícias relatam possui um passado controverso, que abstenho de citar e é de domínio público.”
Roberto Dias
CPI no caso Covaxin
Os requerimentos para a convocação foram apresentados pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA). Nos pedidos, os parlamentares querem esclarecer também o suposto envolvimento de Roberto Ferreira Dias em irregularidades na compra de outro imunizante: o indiano Covaxin.
De acordo com Humberto Costa, Dias assinou um “contrato bilionário” para a compra da vacina, o que vem sendo investigado pela CPI.
“O contrato prevê a entrega de 20 milhões de doses, ao valor unitário de US$ 15, no valor total de R$ 1,614 bilhões. Considerada a vacina mais cara do Brasil, o contrato foi firmado com a empresa indiana Bharat Biotech, representada pela empresa brasileira Precisa Medicamentos.”
Humberto Costa
Com informações da Agência Senado e de O Globo