
Porta-voz da Organização Mundial da Saúde para a Covid-19, David Nabarro acendeu um alerta para uma terceira onda letal da pandemia na Europa antes que uma vacina seja disponibilizada a toda a população. Enviado Especial do órgão, no último sábado (21) Nabarro fez críticas à forma como países europeus têm conduzido a crise sanitária em entrevista ao diário suíço Solothurner Zeitung.
“As reações europeias foram incompletas. Eles deixaram de montar a infraestrutura necessária nos meses de verão, depois de ter posto sob controle a primeira onda.” Se isso se repetir com a segunda onda, ele antecipa uma terceira, “e já no começo do próximo ano”.
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Segundo Nabarro, a Europa teria muito a aprender com os países asiáticos: “É preciso reagir rapidamente ao vírus, de forma robusta e decidida, sobretudo no começo, quando ele ainda está se propagando lentamente em diversas comunidades. Se se reage sem convicção, logo o problema fica maior.”
Covid-19 e o contágio na Europa
No meio do ano, a Europa vivenciou uma breve queda das taxas de contágio, mas voltou a registrar recordes de infecções durante a chegada no inverno.
Com uma população de 84 milhões, no domingo a Alemanha registrou 14 mil novos casos confirmados em 24 horas. Já o Japão, por exemplo, país com população de 120 milhões, foram 2.596 casos no sábado. A Coreia do Sul, com 51 milhões, 386 e um total de apenas 30.700 infecções desde o início da pandemia.
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Um problema grave, segundo o enviado da OMS, é que apenas poucos tomadores de decisões compreenderam que o coronavírus se alastra em escala exponencial e não aritmética: “Exponencial quer dizer que os números podem crescer oito vezes em uma semana, 40 em duas, 300 em três, mais de mil vezes em quatro semanas, e assim por diante.”
Exemplo da Ásia
Na Ásia, os números têm sido menores porque “as pessoas estão totalmente engajadas, adotam comportamentos que dificultam o avanço do vírus; elas mantêm distância entre si, usam máscaras, se isolam quando estão doentes”. Além disso, “aplicam as medidas de higiene com muito rigor, lavam as mãos, limpam as superfícies, protegem os grupos mais ameaçados”.
A Ásia tampouco relaxou as restrições prematuramente, acrescenta Nabarro: “Quando os números de casos foram reduzidos, com ajuda de uma reação forte das pessoas, não se relaxam as medidas, espera-se até que os números estejam baixos e permaneçam baixos.”
Ele também louvou a comunicação clara entre as autoridades e as populações asiáticas: “Só se diz uma coisa: se queremos que nossa economia esteja forte e mantermos nossas liberdades, precisamos todos respeitar algumas regras básicas.”
Para Nabarro, deve sempre haver um equilíbrio entre todas as prioridades: “Para que a economia funcione bem, é preciso fazermos a saúde funcionar. Não existe um ‘ou isto ou aquilo’, só há o ‘tanto isto quanto aquilo’.”
Com informações da Deutsche Welle Brasil