O Brasil caiu duas posições no ranking de liberdade de imprensa. Segundo a ONG francesa Repórteres sem Fronteiras, a queda tem relação com a atitude agressiva do presidente Jair Bolsonaro para com veículos de imprensa e o ódio a jornalista propagado entre seus apoiadores.
No levantamento, o país agora está na posição 107 da lista que tem 180 Estados, registrou a Folha. A lista foi divulgada na terça (21) pela organização francesa.
Essa foi a segunda queda consecutiva do Brasil, que no ano passado desceu três posições. Na ocasião, a declive ocorreu devido ao clima anti-imprensa das eleições presidenciais de 2018 e ao assassinato de quatro jornalistas, diz o estudo.
“Os jornalistas brasileiros, e sobretudo as mulheres, estão cada vez mais vulneráveis e são regularmente atacados por grupos promotores de ódio e por apoiadores do presidente, em particular nas redes sociais”, aponta o relatório que, de acordo com o jornal, não especifica nomes e se refere, de forma geral, a repórteres dos meios de comunicação mais importantes do país como alvos frequentes.
A Coréia do Norte é o país mais arriscado para um jornalista exercer a profissão. Com a pior posição, 180 no estudo, o país superou o Turcomenistão (179), onde o ditador proibiu o uso da palavra coronavírus.
Muitos países afetados gravemente pela pandemia impuseram medidas restritivas à imprensa, aponta a ONG.
“A crise sanitária é uma oportunidade para governos autoritários implementarem a famosa ‘doutrina do choque’: tirar proveito da neutralização da vida política, do espanto do público e do enfraquecimento da mobilização para impor medidas impossíveis de adotar em tempos normais”, afirma Christophe Deloire, secretário-geral da Repórteres sem Fronteiras.
FENAJ
No Brasil, um indicador importante é o Relatório da Federação Nacional do Jornalista (FENAJ) sobre Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa que foi apresentado na Câmara do Deputados, em novembro de 2019.
Na ocasião, o relatório apontou que desde a posse o presidente Jair Bolsonaro havia dirigido 99 ataques diretos a jornalistas ou “à forma como os trabalhos da imprensa são conduzidos pelos profissionais no país”.
Com informações da Agência Senado.