
Grupo suprapartidário que reúne PSB e outros partidos de esquerda, ex-aliados do governo e movimentos da sociedade civil vão apresentar nesta semana um “superpedido” de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) que lista mais de 20 crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente.
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que a mobilização popular deve acelerar a iniciativa do superpedido de impeachment.
“Isso vai aumentar a pressão, porque fica ainda mais claro para o presidente da Câmara que não se trata de uma medida apenas de quem é contra o governo, da oposição, mas de um apelo, de uma exigência da nação.”
Alessandro Molon
Superpedido ganha impulso depois de atos #19J
O superpedido de impeachment ganhou força após os atos que levaram mais de 750 mil pessoas às ruas das cidades brasileiras nos atos #ForaBolsonaro deste sábado (19).
A versão mais recente do relatório lista a infração de dispositivos da lei de impeachment (1.079/1950) e deverá ser apresentada a líderes partidários esta semana.
Em abril, partidos de oposição a Bolsonaro deram início ao plano de unificar todos os pedidos de impeachment já protocolados na Câmara. Hoje, são 121 já apresentados. O resultado é chamado de superpedido ou pedidão de impeachment —o termo varia a depender do integrante do grupo.
Desafetos de Bolsonaro, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (que está de saída do PSL), também se uniram ao projeto. Presidentes do PSB, PSOL, PT, PC do B, PDT, Rede, UP, PV e Cidadania têm liderado as discussões.
O objetivo do grupo é unificar um documento com as justificativas mais pertinentes que constam nos 121 pedidos de impeachment já protocolados na Câmara. Entre os crimes, estão a sustentação aos atos golpistas com ameaças ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF), as interferências nas Forças Armadas e a política negacionista genocida durante a pandemia, que levou o Brasil a atingir a macabra marca de mais de 500 mil mortos.
Difícil instalar impeachment
Na última semana, em entrevista exclusiva ao Socialismo Criativo, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), explicou que não acredita na viabilidade de um pedido de impedimento de Bolsonaro avançar na Casa, devido à forte base aliada que o presidente construiu entre os parlamentares.
No entanto, Ramos diz não desconsiderar a possibilidade de que uma das determinações do relatório final da CPI da Pandemia seja encaminhar um pedido de impeachment para a Câmara. Esse cenário, analisa, causaria um constrangimento muito grande pra Câmara. Mas sem dúvida, os trabalhos dos senadores do colegiado terão impactos em 2022.
“Uma coisa é um pedido de parlamentar, mas outra coisa é um pedido de responsabilidade por parte da CPI. Então, se o resultado final da CPI passar por esse pedido de impeachment, vai criar um clima de debate mais acirrado no Congresso Nacional.”
Marcelo Ramos