A oposição na Câmara vai intensificar a coleta de assinaturas para investigar a gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente. Segundo o líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), o objetivo é alcançar os 171 apoios necessários. Salles é alvo de operação deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal que investiga exportação ilegal de madeira.
Molon, que também é um dos líderes da bancada ambientalista no Congresso, afirmou que a operação da PF contra Salles ratifica a urgência em abrir uma CPI para investigar os fatos.
“A operação da Polícia Federal só reforça a necessidade de se instalar a CPI na Câmara com o objetivo de investigar a gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente”.
Alessandro Molon
No Twitter, o socialista agradeceu o apoio dos parlamentares na coleta de assinaturas necessárias para que a CPI possa ser instaurada.
O ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas Alexandre Saraiva enviou em abril uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro e o senador Telmário Mota (Pros-RR). Essa ação resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão contra Salles e no afastamento de Eduardo Bim da presidência do Ibama. Saraiva foi exonerado do cargo após denunciar o ministro do Meio Ambiente.
Acusado de tentar atrapalhar uma megaoperação da Polícia Federal no Amazonas contra o desmatamento, em dezembro de 2020, Salles é alvo de duas ações no Supremo que serão relatadas pela ministra Cármen Lúcia – uma apresentada pelo PDT e outra por Saraiva.
O requerimento de criação da CPI para apurar a gestão de Ricardo Salles foi apresentado por 15 parlamentares ainda no fim de abril. Para que o pedido siga adiante, é necessário o apoio de pelo menos um terço dos deputados.
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Relatório aponta “movimentação atípica” de Salles
Na decisão em que determinou a abertura da Operação Akuanduba, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, registrou que um relatório de inteligência financeira indicou ‘movimentação extremamente atípica’ envolvendo o escritório de advocacia que tem como sócio o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo Moraes, o documento cita transações de 2012 até junho do ano passado que somam R$ 14,1 milhões.
Alexandre de Moraes determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscais de Salles, assim como os de outros 22 alvos da investigação em que a Polícia Federal mira ‘grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais’.
Além das transações que envolvem Salles, a PF comunicou ao Supremo que encontrou diversas comunicações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras de ‘operações suspeitas’ envolvendo o secretário adjunto de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Olivaldi Alves Azevedo Borges, e duas empresas investigadas na ‘Akuanduba‘. Segundo Alexandre, tal ‘situação que recomenda, por cautela, a necessidade de maiores aprofundamentos’.
“Exagerada e desnecessária”
Salles se pronunciou sobre a Operação Akuanduba após participar de um seminário realizado em Brasília, na manha desta quarta-feira, 19. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que ficou “surpreso” com a operação, a qual classificou como “exagerada e desnecessária”.
“Faço aqui uma manifestação de surpresa com essa operação que eu entendo exagerada, desnecessária. Até porque todos, não só o ministro, como todos os demais que foram citados e foram incluídos nessa legislação estiveram sempre à disposição para esclarecer quaisquer questões”.
Ricardo Salles
Segundo o ministro, o Ministério do Meio Ambiente, desde o início de sua gestão, “atua sempre com bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal” do setor.
Com informações do Uol e Congresso em Foco