Os congressistas expressaram indignação e cobraram explicações ao governo federal durante participação em programa da Globo News

A exoneração de Abraham Weintraub, agora oficialmente ex-ministro da Educação, foi publicada pelo MEC na tarde de sábado (20), após a informação de que ele havia chegado em Miami. A reação de parlamentares veio também no sábado no programa Globo News Debate, onde eles cobraram explicações do governo federal sobre as circunstâncias da ida de Weintraub aos Estados Unidos, onde assumirá um cargo de diretor no Banco Mundial, destaca o G1.
O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ), para quem “a própria nomeação” para o Banco Mundial “já seria escandalosa por si só”, disse ser preciso esclarecer como Weintraub deixou o Brasil sem autorização do presidente Jair Bolsonaro no “Diário Oficial”.
“Ministro de estado só pode se ausentar com autorização do presidente, e isso não aconteceu”, disse Calero que é diplomata e já foi ministro da Cultura. Ele ainda questionou o uso de um passaporte diplomático para garantir a entrada de Weintraub nos EUA: “Estaríamos diante de um desvio de finalidade?”,
Uma “verdadeira fuga”, que “pode ser comparada à fuga de um miliciano”, finalizou Calero, afirmando que será investigado o papel do Itamaraty no caso.
Alexandre Padilha (PT-SP), deputado federal e ex-ministro da Saúde disse que “o que aconteceu foi uma fuga oficial, fuga no Diário Oficial”.
“Se até ontem era o pior ministro da Educação, hoje é o primeiro ministro a ter uma fuga oficial. O presidente da República é quem autoriza, ministro não pode sair do país sem autorização publicada no Diário Oficial”, disse Padilha, que é um dos vice-líderes do PT na Câmara.
Ex-aliado de Jair Bolsonaro, o senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, disse ser necessário fazer essas perguntas ao governo federal. “Na minha avaliação, foi um acordo ele permanecer ministro e tocar em solo americano, com passaporte vermelho. As regras hoje são mais para os amigos do que necessidade diplomática”, afirmou.
Olímpio criticou a gestão de Weintraub na Educação e disse que “O Brasil sempre primou por colocar quadros técnicos no Banco Mundial”, defendendo que a direção no Banco Mundial não poderia ser usada como “exílio de amigo”.
Ele refutou justificativa de Abraham Weintraub de que estaria recebendo ameaça de morte e, por isso, precisa sair do Brasil. “Vocês acham que alguém está sendo ameaçado vai numa manifestação pública?”,
Saindo pela porta dos fundos
Guilherme Boulos, candidato à presidência da República em 2018 pelo PSOL, disse que Weintreub encerrou sua “participação no Ministério da Educação de forma patética, saindo pela porta dos fundos”. “Não contribuiu em nada e ainda, como último ato, anulou decisão que obrigava universidades federais a ter plano para inclusão de negros, indígenas e pessoas com deficiência em mestrado e em doutorado”.
Decreto americano
O decreto americano de restrição à entrada de brasileiros nos Estados Unidos por conta da pandemia de covid-1 guarda algumas exceções, como a que permite a entrada direta a ministros, por meio de visto especial. Weintraub ainda não havia sido exonerado quando viajou.