
O ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Recife (PE), neste sábado (29), acabou após repressão policial contra manifestantes. Ao menos uma pessoa foi detida. O efetivo da Polícia Militar dispersou a multidão, que se concentrou na avenida Guararapes, um dos principais corredores de trânsito do centro da capital pernambucana.
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Durante a ação da PM, a vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida nos olhos por um spray de pimenta. A parlamentar e sua equipe jurídica registraram queixa em uma delegacia de região.
“Jogaram spray de pimenta nos meus olhos. Fui a uma unidade médica e estou bem. Não me arrependo de ter ido questionar a postura deles. Sou vereadora do Recife e fui eleita para isso mesmo.”
Liana Cirne
Governador afasta comandante de repressão contra o ato
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), postou vídeo nas redes sociais no qual diz repudiar “todo ato de violência de qualquer ordem ou origem”.
“Determinei a imediata apuração de responsabilidades. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação.”
Paulo Câmara
“Sempre vamos defender o amplo diálogo, o entendimento e o fortalecimento das nossas instituições dentro da melhor tradição democrática de Pernambuco”, completou.
A vice-governadora do estado, Luciana Santos (PCdoB), destacou que a postura da PM não foi a mando do estado. “Não foi autorizado pelo estado. O governador Paulo Câmara tem se pautado pela democracia e pelo diálogo”, ressaltou na postagem.
A Polícia Militar informou que não irá comentar o episódio, pois o governador Paulo Câmara já fez um pronunciamento.
Em vídeos nas redes sociais é possível ver os participantes fugindo em meio à fumaça de bombas de efeito moral e ouvir os disparos do que, segundo manifestantes, seriam balas de borracha. Em Pernambuco, um decreto proíbe eventos públicos durante a pandemia.
Na confusão, uma pessoa, que não teve a identidade revelada, foi presa. Ela assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência e foi liberada.
A PM ainda não respondeu sobre quantas pessoas deteve durante as manifestações.
PMPE cegou um cidadão que passou pelo ato
Daniel Campelo da Silva, 51 anos, morador dos Torrões, zona oeste do Recife, foi uma das pessoas violentamente atingidas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco na manifestação que pediu vacinas e Fora Bolsonaro. A bala de borracha disparada por um policial do Batalhão de Choque atingiu o olho esquerdo dele. No final da tarde, a família foi avisada que Daniel havia perdido o globo ocular.
E ele sequer estava participando do ato deste sábado. Daniel trabalha com adesivagem de carros e havia ido ao centro da cidade para comprar material. Um amigo taxista que passava pelo local socorreu a vítima, que foi levada ao Hospital da Restauração (HR).
Em seguida, Daniel foi transferido para a Fundação Altino Ventura (FAV), mas, por conta do edema muito grande, não conseguiu passar pelo procedimento cirúrgico necessário. Foi então reencaminhado ao HR, onde está sendo medicado e ficará em observação até amanhã de manhã, quando voltará à FAV para a cirurgia.
Recife ignorou recomendação do MP
O ato —que reuniu estudantes e políticos— foi uma resposta à escalada da Covid-19 no Brasil, que já ultrapassou a marca das 450 mil vidas perdidas.
A realização do protesto na cidade ignorou decreto do governo estadual e a recomendação do Ministério Público (MP) de Pernambuco.
Na capital pernambucana, está em vigor um decreto que estabelece que “permanece vedada no Estado a realização de shows, festas, eventos sociais e corporativos de qualquer tipo, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes fechados ou abertos, públicos ou privados, inclusive em clubes sociais, hotéis, bares, restaurantes, faixa de areia e barracas de praia, independentemente do número de participantes”.
Com informações do Uol e Marco Zero