Para evitar que o PT tenha uma relação de forças desigual dentro da possível federação de partidos para disputar as eleições de outubro, o PCdoB quer aprovar um estatuto que modera os poderes petistas.
Para garantir uma conjunção de forças mais equilibrada, o PCdoB propõe que o comando dentro da federação siga o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados, eleitas em 2018.
Além disso, as decisões devem ser tomadas, preferencialmente, em consenso. Não sendo possível, por maioria de três quintos da coordenação.
O PT elegeu 54 deputados, em 2018; o PSB, 32 e o PCdoB, 9.
Presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos defende a formação de uma federação pelos partidos de esquerda. Ela reconhece, porém, a dificuldade em chegar a um consenso. Santos foi eleita em aliança com PSB, que tem o governador Paulo Câmara em seus quadros.
A expectativa do PCdoB é eleger deputados federais. O que fará com que o PCdoB supere a cláusula de barreira e garante acesso aos recursos dos fundos partidários e eleitorais, que seguem a proporção da bancada eleita.
Debate com o PT
Luciana Santos defende ainda a importância de aumentar o número de deputados federais de esquerda dos atuais 130 para 150 em 2023. O que garantia sustentação ao possível governo Lula.
“Este é o debate que os partidos estão colocando na negociação com o PT”, diz Luciana Santos.
Na semana passada ela se reuniu com o presidente do PDT, Carlos Lupi, que lançou Ciro Gomes pré-candidato à presidência.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, tem conversado com a cúpula do PT na expectativa de conseguir uma ampla mobilização das forças de esquerda em torno de uma federação.
Umas das questões é o governo de São Paulo. O PSB defende o nome do ex-governador Márcio França para disputar o cargo e o PT quer Fernando Haddad.
O PV também mantém conversas sobre a federação com PSB e outros progressistas, como o próprio PCdoB.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, questiona se a “vocação hegemônica” ou “exclusivista” do PT não será mais um ponto “problemático para ser definido”.
Por isso, Siqueira afirma que só o tempo será capaz de mostrar se há o amadurecimento necessário para esse tipo de aliança.
“Ainda não estamos preparados, isso tenho certeza. Se estaremos, só o tempo dirá”, avalia.
O tempo, no entanto, é curto. O prazo máximo para registro das federações é 10 de março.
PSB e federação com PT
A federação tem resistência, por exemplo, do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. Para ele, a federação irá “acomodar” os partidos.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, defende a necessidade de união dos partidos progressistas e destacou que isso depende de “perseverança, diálogo e concessões recíprocas”.
Bem como o atual líder da bancada, Danilo Cabral (PE). De acordo com ele, de “25 integrantes da bancada, 24 se posicionaram favoravelmente à proposta.”
Com informações do O Globo