Nesta quinta-feira (2), na primeira Cúpula do Mercosul realizada por videoconferência, devido à pandemia, o Paraguai transmitiu a presidência temporária do bloco para o Uruguai. A reunião marcou também o primeiro encontro, ainda que virtual, entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Alberto Fernández.
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Os mandatários haviam trocado farpas durante a campanha eleitoral argentina, em 2019, quando Bolsonaro apoiou o então presidente Maurício Macri. O brasileiro não foi à posse de Fernández e, mesmo após mais de seis meses de mandato do argentino, não manteve diálogo direto com o chefe de Estado do vizinho mais importante do Brasil.
Reunião
Durante a cúpula, enquanto Bolsonaro apenas mencionou as dificuldades criadas pela crise da Covid-19, o tema foi o principal assunto tratado por Fernández. Bolsonaro leu seu discurso acompanhado do chanceler Ernesto Araújo e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Nele, reforçou que o Brasil estava avançando nas reformas para atrair investimentos e disse que a da Previdência havia sido uma “conquista histórica“.
Também afirmou que instruiu membros do governo a “desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil” no exterior, elogiou a liderança temporária do bloco pelo Paraguai e desejou sorte a Luis Lacalle Pou. O presidente uruguaio, que assumiu em março, estreou em reuniões do Mercosul. Bolsonaro encerrou dizendo que espera que a Venezuela “retome o caminho da liberdade”.
Já Alberto Fernández discursou da sala de audiências virtuais montada na residência de Olivos, em Buenos Aires. Ele está confinado no local devido a recomendações médicas após pessoas próximas a ele terem contraído o vírus.
Coronavírus em pauta
Durante sua fala, tratou basicamente da pandemia e de que “é preciso reforçar a ideia da América Latina como um só país, como foi a ideia de [Simón] Bolívar e de [José de] San Martin”, heróis da independência de diversos países hispano-americanos.
Também afirmou que o coronavírus “derrubou tudo, apareceu de repente e revirou o mundo”, enfatizando que a crise econômica que se avizinha não será apenas da Argentina, mas de todo o bloco.
Por isso, argumenta, a integração regional deveria se concentrar na eliminação das “arestas” entre as relações dos governos. “A reunião do Mercosul é uma reunião dos nossos povos, isso deve ser colocado adiante daqueles que govemam hoje”, disse ele, pedindo que a questão ideológica ficasse num segundo plano.
Fernández também evocou o espírito da fundação do bloco, “um esforço original dos ex-presidentes Raúl Alfonsín [Argentina] e José Sarney [Brasil], depois acompanhado pelo Uruguai e o Paraguai”.
Nesta parte da cúpula, de apresentações iniciais, cada chefe de Estado discursa sem interrupções. Por isso, não houve interação entre os líderes argentino e brasileiro.
Fernández, porém, chamou o presidente do Paraguai de “meu querido Marito” e, ao se dirigirão do Uruguai,mencionou que conhece a família de Lacalle Pou “há muitos anos”. Nada disse sobre Bolsonaro.
Além de Bolsonaro, Fernández, Lacalle Pou e Abdo Benítez, foram convidados à reunião o presidente da Colômbia, Iván Duque, e do Chile, Sebastián Pinem, o chefe da diplomacia da União Europeia, Jo-sep Borell, e a presidente interina da Bolívia, Jeanine Anez.
Com informações da Folha de S. Paulo.