O líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Marcelo Freixo (PSB-RJ), tem se posicionado e cobrado explicações das autoridades em relação aos últimos acontecimentos envolvendo as investigações do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Em depoimento ao Socialismo Criativo, o parlamentar socialista destaca a gravidade dos mais recentes episódios da investigação do assassinato da vereadora carioca e seu motorista.
“É muito grave o que acontece no caso Marielle. Primeiro que a gente está falando de uma vereadora eleita, mulher negra, das favelas que foi brutalmente assassinada. Sua morte tem uma razão política em pleno século 21.”
Marcelo Freixo
Para Freixo, a possível motivação política para o crime deve ser descoberta para que venha a público qual grupo político seria capaz de matar. “Se trata de um crime contra a democracia. Um crime muito emblemático para o país. Esse crime tem mais de 3 anos e tem uma investigação conturbada, com muita interferência política e com equívocos inaceitáveis”, pontuou.
O deputado falou sobre o tema com o Socialismo Criativo. Ouça:
Nas redes sociais, Freixo cobrou esclarecimentos do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, do procurador-geral de Justiça do estado, Luciano Mattos, e do chefe da Polícia Civil, Alan Turnnowsky.
O socialista afirma ainda que as execuções de Marielle e Anderson envolvem pessoas com poder político e econômico que tem sabotado as investigações desde o princípio.
“Essa mudança das promotoras é muito grave e é uma ruptura sem explicação. A saída acontece em um momento de delação premiada. Tudo está muito nebuloso, sem esclarecimento das autoridades. Esse crime emblemático precisa ser esclarecido”, disse.
Reviravolta no caso Marielle
As promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile, que estavam no caso há 3 anos, pediram afastamento do caso por interferências externas. Além disso, as promotoras deixaram o caso após o vazamento de informações sigilosas feitas por um delegado que está preso.
Viúva de Adriano, Julia Lotufo estaria disposta a revelar informações sobre homicídios, contravenção e também sobre o caso Marielle e Anderson. Ela foi ouvida por três delegados da Polícia Civil que integram a Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (Ciaf), do MP.
No entanto, as duas promotoras não participaram, pelo menos, dos dois primeiros encontros, apesar de estarem designadas para o caso Marielle. Finalmente, ao ouvir o relato de Júlia, as promotoras consideraram as informações sobre Marielle superficiais e sem provas.
Como não havia fatos relevantes, elas decidiram não aceitar a delação premiada. Mesmo assim, a proposta de delação continua sendo analisada por promotores de outra área do MP, causando desconforto.
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Violação de sigilo no caso Marielle
As promotoras teriam deixado a investigação após o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, preso no fim de junho acusado de comandar uma quadrilha que cobrava propina de comerciantes em Petrópolis, vazar informações sigilosas sobre o inquérito, elas denunciaram o delegado por violação de sigilo da investigação.
Os dados, que fazem parte do processo, estavam no e-mail de um ex-policial civil que teve o sigilo telemático quebrado durante as investigações. O ex-policial seria ligado à contravenção e também investigado pelas mortes da vereadora e do motorista.
Exumação do corpo de Adriano Nóbrega
O corpo do miliciano Adriano da Nóbrega foi exumado nesta segunda-feira (12) e passará por novos exames periciais para saber as circunstâncias de sua morte, em fevereiro de 2020.
Apontado como chefe de uma milícia do Rio, Nóbrega tinha ligações com a família do presidente da República e foi citado na investigação que apura a prática conhecida como “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro.
A exumação foi necessária para que possam ser utilizados exames de imagens para detalhar os traumatismos ósseos causados pelos disparos. A ordem foi dada pela Justiça da Bahia.
O novo exame também deverá, a depender das condições dos restos mortais, analisar as lesões causadas pelos disparos para que se descubra a distância do atirador. A segunda perícia feito após sua morte dizia que o atirador estaria a uma distância superior a 1,5 metro.
Adriano e a milícia Bolsonaro
Adriano chegou a ser condecorado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a medalha Tiradentes, principal honraria do Legislativo fluminense.
Mas seu nome ficou mais conhecido após a descoberta de que uma ex-mulher e sua mãe, Raimunda Veras, trabalharam no gabinete de Flávio e repassaram valores a Fabrício de Queiroz, apontado como operador financeiro do filho do presidente Jair Bolsonaro.
As duas são alvos da investigação sobre o suposto esquema de rachadinha no gabinete de Flávio. Segundo o MP do Rio, contas em nome do ex-PM teriam abastecido o esquema de desvio de dinheiro de servidores da Alerj.
À época da morte, a família Bolsonaro contestou as circunstâncias da morte do miliciano. O senador deu declarações dizendo que ele havia sido assassinado na Bahia.
Com informações da Revista Fórum