O novo presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputado Carlão Pignatari (PSDB), afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo nesta quarta-feira (17), que pediu para que a deputada Isa Penna (PSOL) relevasse o assédio que sofreu de Fernando Cury (Cidadania) dentro da Casa Legislativa.
Segundo Carlão Pignatari, o caso poderá ser levado a Plenário para a cassação do mandato de Cury. A relatoria do deputado Emidio de Souza (PT) recomendou a cassação de seu mandato, mas o Conselho de Ética julgou que o mais adequado seriam 119 dias de suspensão salarial e parlamentar. Agora, a decisão tem que ser aprovada em maioria simples na casa.
A Comissão de Ética que o avaliou mostrou como opera a proteção aos abusadores no país. Seus aliados justificaram que ele era “um homem de Deus”. O evangélico Wellington Moura (Republicanos) disse que, “como cristão, seria difícil não perdoá-lo”, entre outras falas que apontam retrocesso na política institucional de apoio às mulheres.
O deputado ia ser expulso do Cidadania, mas conseguiu vitória na Justiça e se manteve no partido de Roberto Freire. O caso ainda está parado na Justiça. Ele também virou alvo de investigação na Justiça Criminal.
O novo presidente da Alesp, aliado ao governo de João Dória, afirmou que a deputada deveria relevar o caso. “Disse a ela que relevasse”, afirmou à Folha. “Eu gosto muito da deputada Isa Penna”, completou. A deputada afirmou que deputado Carlão foi um dos primeiros a se solidarizar com ela.
Caso Isa Penna
Em dezembro do ano passado, a deputada Isa Penna registrou um Boletim de Ocorrência por assédio sexual e uma denúncia formal por quebra de decoro contra o deputado estadual Fernando Cury. Durante sessão da Alesp, Cury se aproximou da deputada e apalpou sua cintura, na altura dos seios. Um vídeo público da sessão mostra o momento.
As imagens mostram que a deputada conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), apoiada no balcão do plenário, quando Cury se aproximou por trás dela. Nas cenas, Isa Penna reage e afasta o deputado com as mãos. Ele, então, põe a mão sobre o ombro da deputada, que reage novamente. Os dois gesticulam e conversam com o presidente por alguns minutos, até que Cury se afasta.
“Eu estava de costas, só senti a mão dele escorregar na minha lateral. No momento em que eu senti, virei e falei para ele: ‘Quem você acha que você é? Você está louco? Passar a mão em mim assim?’ E empurrei, tirei a mão dele”, relatou Penna ao UOL.
Ativista feminista e militante contra a violência à mulher, a deputada diz ter se sentido violada. Segundo ela, um grupo de deputados estava bebendo antes do início da sessão. Cury, de acordo com a parlamentar, “estava com muito bafo de uísque”. Depois que ela o afastou, conta, o deputado fez “cara de mal entendido” e pediu desculpas. Mas, pouco depois, diz a deputada, Cury e outros parlamentares estavam “rindo do assunto”.
Com informações da Folha de S. Paulo