por: Igor Tarcízio Postado em: 19/11/2020 - 13:59 Atualizado em: 19/11/2020 - 13:59
Eleita a primeira mulher negra para a Câmara de Vereadores de Joinville (SC), a vereadora Ana Lúcia Martins (PT) tem sido alvo de ataques em redes sociais e sofreu até ameaças de morte. Segundo o Estadão, a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) instaurou inquérito na tarde desta quarta-feira (18) por injúria racial e ameaça.
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Um dos comentários direcionados a ela, por um perfil inicialmente não identificado, diz: “Agora só falta a gente m4t4r el4 (sic) e entrar o suplente que é branco“
A vereadora registrou boletim de ocorrência na polícia. Ela foi eleita no domingo com 3.126 votos — a sétima mais votada na cidade. O inquérito é conduzido pela delegada Cláudia Gonçalves.
Professora aposentada, Ana fez uma campanha pautada nas bandeiras do movimento negro e das mulheres negras.
“Sabia que não seria fácil. Estava ciente que enfrentaria uma certa resistência em uma cidade que elegeu apenas na segunda década do século 21 a primeira mulher negra. Só não esperava ataques tão violentos e com aval de parte de pessoas que se declaram ‘profissionais da imprensa'”, escreveu Ana nas redes sociais.
Ainda no domingo da eleição, as redes sociais de Ana foram invadidas, e fotos e dados da biografia da candidata foram apagados. Ela disse ter sido alvo também de comentários velados por um radialista da cidade. “Ele deixou bem claro que o meu mandato não é bem-vindo em Joinville”, disse.
Racismo e neonazimo
Em Santa Catarina, pesquisadores apontam existir ao menos 69 células neonazistas de 340 espalhadas.
Recentemente, ao tomar posse como governadora interina, Daniela Rainehr (sem partido) teve dificuldades em dizer que não concorda com os ideais de seu pai, Altair Reinehr, que já escreveu artigos de teor antissemita negando a existência do holocausto judeu e outros crimes da Alemanha nazista. Após críticas, a governadora interina diz ser ‘contrária ao nazismo‘.
Resposta
O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nota repudiando as ameaças.
“Diante desse gravíssimo fato, manifestamos nossa solidariedade e apoio à companheira Ana Lúcia Martins e esperamos que as autoridades atuem de maneira rápida no intuito de descobrir e responsabilizar os autores, para que sejam levados à justiça”, diz um trecho do comunicado.
Com informações do Estadão
