A cada dia, graças aos aplicativos de mensagem, os apoiadores do candidato Alfredo Gaspar de Mendoça (MDB) têm sido flagrados pressionando pessoas, quase sempre cargos comissionados e utilizando a estrutura que têm dentro do seu padrinho, o governador Renan Filho (MDB). Desta vez o flagrante envolve o candidato a vereador Givaldo Carimbão (MDB), que conta com a estrutura da Secretaria Estadual de Prevenção à Violência (Seprev).
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Em um áudio conseguido pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido do candidato João Henrique Caldas — o JHC —, ele aparece em tom ameaçador e irônico, convocando integrantes do grupo a comparecerem a um adesivaço ocorrido no dia 27 de setembro.
Uso de poder político
O ato político marcou o início da campanha de Alfredo Gaspar, em Jaraguá, que assim como Carimbão ele também se beneficiou politicamente — por isso está sendo processado juntamente com seu vice, Tácio Melo (Podemos).
“Se eu perder a eleição, tchau, tchau (inaudível), tchau, tchau Secretaria, então falando português isso aqui tem uma importância, tchau, tchau emprego de vocês”, diz Carimbão.
Em outro trecho da denúncia feita à Justiça Eleitoral, aponta o candidato a vereador confirmando que preparou adesivos e furadinhos para carro com sua foto e de seu candidato a prefeito, numa clara confirmação de uso “de poder político”.
A Seprev, comandada por Esvalda Bitencuourt, está sob a influência de Carimbão desde o primeiro mandato do governador Renan Filho que a entregou de “porteira fechada” ao político quando ainda era deputado federal. Esvalda também foi denunciada à Justiça Eleitoral, porque todos os integrantes do grupo de app de mensagem são da Seprev.
Ação
Para o autor da ação, o advogado Leonardo Costa, fica claro também que teve e tem influência no envolvimento das pessoas para atuar em benefício do seu padrinho Carimbão e o candidato a prefeito que apoia. A prova disso é que o próprio Carimbão cobra pelo fato de só existirem 30 pessoas no grupo e lembra que sabe quem está de fato envolvido na campanha, principalmente após pedir o nome individualmente de cada um.
“Aqui eu tenho controle, literalmente, de quem tá trabalhando e quem não tá. Quem tá dando o sangue ou quem tá dando suor e quem não tá dando nada. Quem tá se queimando e quem não tá. Eu tenho controle literalmente”, diz Carimbão num tom mais sério e mantendo a pressão.
Segundo explica em outro áudio, as pessoas do grupo precisam mostrar eleitores que estão conquistando para o candidato. Tanto que cita o exemplo de uma pessoa identificada como “Yuri” que já teria conseguido 20 pessoas para apoiá-lo.
Ele lembra ainda, que mesmo os influenciadores de voto só conheçam pessoas em Arapiraca, sempre têm algum parente em Maceió.
A manifestação do voto, lembra Carimbão pode ser feita desde o adesivo na casa, com divulgação em rede social, mas principalmente, os que são afixados nos vidros traseiros dos veículos, popularmente chamados de “furadinhos“. Todos os nomes que foram flagrados integrando o grupo do App de mensagem foram apontados como testemunhas à Justiça Eleitoral.
Conforme a denúncia, além de vasto material em áudio e prints das conversas é nítido Carimbão não usa intermediários. Na verdade, as pessoas para provar que estão trabalhando em seu favor e de Alfredo precisam mostrar sempre o material da campanha e alguma ação correlata a conquista de novos eleitores.
PSB quer inelegibilidade dos envolvidos
Com base no material colhido como prova, o PSB pede a inelegibilidade de todos os envolvidos na “captação ilegal de votos” e na coação para que atuem na campanha. O processo já foi protocolado e nos próximos dias a Justiça Eleitoral pode se manifestar. Ainda assim, mesmo que não tenha julgamento, mediante ampla defesa, no período eleitoral é no “pós-eleição” que costuma ter andamento.
Com informações da Gazeta de Alagoas