A bancada do PSOL na Câmara convocou o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, ministro Augusto Heleno, para que ele esclareça as acusações feitas contra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), suas lideranças e o próprio partido.
Na última sexta-feira (18), o general publicou em redes sociais mensagens que acusam a Apib de estar por trás de “campanhas internacionais de boicote a produtos brasileiros”. Segundo Heleno, a entidade estaria se associando a diversos outros sites em “crime de lesa pátria”.
O PSOL diz que as declarações são falsas e mencionam nominalmente Sônia Guajajara, uma das principais lideranças indígenas no Brasil e no mundo. “O ministro Augusto Heleno deve vir ao Congresso prestar contas à sociedade brasileira pelas mentiras sobre Sônia e o PSOL, assim como sobre os crimes ambientais do governo que compõe”, afirmou a líder do PSOL na Câmara, deputada Sâmia Bomfim (SP).
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As postagens de Augusto Heleno acusam de mentiroso o movimento DefundBolsonaro. A iniciativa aponta responsabilidade do governo do ex-capitão do Exército no aumento nas queimadas na Amazônia. Na postagem, o general escreve que a Apib se associa “a diversos outros, que também trabalham 24 horas por dia para manchar a nossa imagem no exterior”.
O ministro, no entanto, não apresenta provas que comprovem a denúncia nem informações sobre focos de incêndios florestais. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios aumentaram mais de 220% só neste ano.
No pedido de comparecimento de Heleno à Câmara, o PSOL destaca que o Ibama executou apenas 55% dos recursos reservados para prevenção e combate a queimadas neste ano. De acordo com respostas enviadas a um Requerimento de Informação formulado pela bancada do partido na Câmara, dos R$ 17,3 milhões empenhados, foram efetivamente pagos R$ 9,6 milhões em 2020. Em 2019, o orçamento para esse programa era quase duas vezes maior: R$ 34,1 milhões.
“A postura do governo Bolsonaro não é somente de conivência com as queimadas e o desmatamento, é de estímulo, haja vista a perseguição aos ativistas e o desmonte dos órgãos ambientais”, disse Sâmia. “Ele é que mancha a imagem do nosso país, destruindo nossas florestas e os povos indígenas.”
Movimento
Lançada por ativistas no último dia 8 de setembro, a campanha DefundBolsonaro lançou a pergunta “Bolsonaro ou Amazônia: de que lado você esta?”. Em vídeo de divulgação, o movimento mostra cidades e produtos pegando fogo, fazendo uma relação com queimadas na floresta. O movimento culpa o presidente Jair Bolsonaro e as grandes marcas pela “destruição da Amazônia”. Pessoas e entidades de várias partes do mundo têm compartilhado a peça nas redes sociais.
A ideia é conscientizar empresas, investidores, consumidores e líderes globais para que se afastem do governo brasileiro, que seria o principal responsável pela devastação da maior floresta tropical do mundo.
No último dia 9, o ator Leonardo DiCaprio compartilhou um tuíte da Abip com o vídeo da campanha. O post recebeu muitos comentários de brasileiros em português e em inglês apoiando a postura de DiCaprio, mas também contra a mensagem dele. Engajado em assuntos ambientais e políticos que envolvem a Amazônia, em 18 de agosto, Leonardo também compartilhou nas redes sociais uma reportagem do The Guardian sobre o desmatamento no Brasil.
Com informações da Fórum e Poder 360º