Em visita ao Amapá neste sábado (21), no 19º dia de crise energética que afeta 13 das 16 cidades do estado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez breves cerimônias para ligar os geradores termoelétricos. Essa é a primeira ação do governo federal diante do problema que chegou a deixar 90% da população local totalmente no escuro por quatro dias.
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Os equipamentos ligados durante visita do presidente são provisórios e vão funcionar até que o problema na subestação, sob responsabilidade da Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), seja resolvido.
“Isso que demoraria por volta de 90 dias para ser restabelecido, mesmo não sendo uma atribuição federal, nós mergulhamos, em especial pelo pedido do nosso presidente do Congresso Nacional [e do Senado], Davi Alcolumbre, e hoje em dia podemos dizer que estamos nos aproximando dos 100%”, disse Bolsonaro em discurso.
Além disso, o presidente afirmou que o governo federal vai editar uma Medida Provisória nos próximos dias numa tentativa de compensar os amapaenses prejudicados pela falta de energia elétrica. Na quinta (19), o Senado aprovou projeto de lei que prevê um crédito na conta de energia elétrica dos consumidores afetados, mas ainda precisa passar pele Câmara até chegar a sanção presidencial.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que integrava a comitiva, também declaro que o governo irá arcar com o custo dos últimos 30 dias.
“O Ministério de Desenvolvimento Regional disponibilizou mais de R$ 21 milhões para atender os mais carentes, na primeira semana. Tomei conhecimento ontem que a Petrobrás vai doar R$ 500 mil em cestas básicas que serão doadas para famílias carentes”, afirmou.
Também acompanharam o presidente o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general da reserva Augusto Heleno; pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM/AP); pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT); e outras autoridades.
A crise energética
Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu. Em seguida, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) prometeu acabar com o rodízio e retomar a distribuição completa em 26 de novembro.
Contratados para suprir a necessidade de consumo do estado, mesmo que provisoriamente, com a ativação de 45 megawatts de energia, os equipamentos foram montados na subestação Santa Rita, na capital Macapá, e noutra no município vizinho, Santana.
Os geradores termoelétricos vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes.
O blecaute que paralisou indústrias e comércio causou R$ 190 milhões de prejuízo em estimativa do Coletivo Nacional dos Eletricitários, impulsionou a violência e adiou as eleições municipais em Macapá. Moradores tiveram eletrodomésticos queimados e comerciantes perderam estoques refrigerados.
Bolsonaro desfila ao som de xingamentos
Durante a visita, Bolsonaro desfilou pelas ruas em Macapá com a porta do carro aberta e com o corpo para fora. Enquanto a comitiva passava, o presidente ouviu xingamentos. Em sua manobra no carro ilegal, ele estava com um segurança protegendo suas costas.
Mais cedo, Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo em que é recebido animadamente por apoiadores no aeroporto da cidade. No entanto, esse outro registro mostra o presidente sendo chamado de “miliciano” e recebendo xingamentos de baixo calão. Os motoristas de carros que seguem a comitiva também são ofendidos, classificados como “gado”.