Nos primeiros seis meses de 2020, as queimadas no Pantanal atingiram o maior número já registrado na série histórica do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre janeiro e junho, o Pantanal teve 2.534 focos de incêndio, um aumento de 158% nos focos em relação ao mesmo período de 2019 (981), ano que os incêndios no bioma foram muito superiores ao de períodos anteriores.
Mesmo a pandemia não freou o fogo. Março e abril foram meses com o maior número de focos de incêndios já vistos no bioma para esses meses, 602 e 784 focos, respectivamente. Junho teve número de queimadas (406) próximo ao recorde, de 2005 (435).
Com nove dias para o fim de julho, o mês já é o segundo maior da série histórica em número de incêndios no bioma (sempre em comparação ao mesmo mês).
As queimadas no Pantanal e na Amazônia foram proibidas por 120 dias em decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de 16 de julho.
Em junho, a Amazônia teve o maior número de queimadas dos últimos 13 anos. Contudo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirma que o problema é fruto do descaso de governos anteriores.
Aumento preocupante
Uma análise da ong Instituto Centro de Vida (ICV) focada somente no Pantanal matogrossense mostra um aumento de 530% nas queimadas no primeiro semestre, em comparação com os seis meses iniciais de 2019.
O cenário de alta mesmo em meses chuvosos do bioma preocupa os especialistas do ICV, apontando para um cenário crítico nos próximos meses, mesmo com a proibição governamental. O próprio Bolsonaro, em uma de suas lives na redes sociais, questionou e riu do potencial real do seu decreto sobre incêndios.
“Se você proibir esses caras de tocar fogo, vamos supor até que chega o decreto lá. Uma coisa é chegar o decreto lá, né”, disse o presidente, rindo.
Mato Grosso já tinha se adiantado e proibido as queimadas no início do mês. Porém a análise do ICV mostra que, mesmo com a proibição, os primeiros 15 dias de julho tiveram aumento de focos de calor de 12% em relação ao mesmo período de 2019, período no qual as queimadas não estavam proibidas.
Segundo Vinícius Silgueiro, pesquisador do ICV, 75% das queimadas no bioma estão concentradas em propriedades privadas, ou seja, áreas de Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, portanto, com proprietários conhecidos.
Com informações da Folha de S. Paulo