
Pior ministro do Meio Ambiente que o país já teve, Ricardo Salles pediu demissão do cargo ao saber que seria preso. Ele é investigado em processo que apura retirada e venda ilegal de madeira e teria sido informado que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinaria sua prisão.
A ordem de prisão seria por suspeitas de que Salles estaria atuando para prejudicar as investigações. Ao entregar o cargo, o ex-ministro esvaziou essa justificativa, uma vez que não tem mais poder algum na pasta. Além disso, o processo pode sair do Supremo. As informações são do Estadão.
Bolsonaro queria enfrentar STF
Na conversa com o presidente Jair Bolsonaro, na quarta-feira, 23, um dia depois de ser informado sobre o risco de prisão, o ainda ministro agradeceu a confiança, mas disse que não tinha mais como continuar na equipe. Bolsonaro pediu, porém, que ele ficasse e enfrentasse o Supremo, visto pelo Palácio do Planalto como uma Corte de decisões políticas.
De acordo com o jornal, Salles respondeu que, além de levar a crise para o centro do governo, temia pela segurança da mãe, também investigada.
A Polícia Federal apura operações financeiras de Salles, tendo como base o escritório de advocacia do qual ele é sócio com a mãe, em São Paulo. O inquérito foi autorizado pelo STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A suspeita é de que Salles atuava no cargo para favorecer madeireiros que desmatam a Amazônia, abrindo caminho para o contrabando de madeira ilegal.
Processo de Salles pode deixar STF
Alexandre de Moraes analisa se existe mais algum investigado com prerrogativa de foro para manter o caso sob sua relatoria. Se não houver, a investigação terá de ser enviada para a Justiça Federal do Distrito Federal ou do Amazonas.
Interlocutores de Bolsonaro disseram ao Estadão, porém, que a situação de Salles e os resultados das investigações no meio ambiente o preocupam mais do que as acusações de propina e desvio de dinheiro público apresentadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
Desmatamento recorde
O presidente elogia Salles, que teve a gestão de dois anos e meio à frente da pasta marcada por recorde no desmatamento na Amazônia. “Um excelente ministro do Meio Ambiente”, definiu Bolsonaro nesta sexta, em discurso para uma plateia de empresários na cidade de Chapecó (SC). Foi durante a gestão de Salles que o país registrou os piores índices de desmatamento.
Deflagrada no dia 19 de maio, a Operação Akuanduba cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Salles. O então titular do Meio Ambiente teve os sigilos bancário e fiscal quebrados por ordem de Moraes, relator da ação, e entregou o celular aos investigadores da Polícia Federal.
Salles integrava a ala ideológica do governo, que perdeu força com a saída dos colegas Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).
Com informações do Estadão