Depois de escapar da reforma ministerial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem um plano para combater o desmatamento da Amazônia, que quase dobrou durante a sua gestão. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou que consegue reduzir a devastação do bioma em até 40% se receber US$ 1 bilhão de países estrangeiros.
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As taxas oficiais de desmatamento observadas nos dois primeiros anos em que esteve à frente do ministério são as maiores desde 2008. A do ano passado foi 47% maior que a observada em 2018. A missão volta para suas mãos ao fim deste mês, quando se encerra a operação militar Verde Brasil 2.
Sem verba, Salles disse que não se compromete com percentuais. O plano será apresentado aos Estados Unidos no encontro que o presidente Joe Biden vai realizar com 40 líderes internacionais para debater a pauta climática.
“Se tivermos US$ 1 bilhão para colocar a partir de 1º de maio, quando sai a Verde Brasil, a gente assume essa sistemática. Se esse recurso estiver disponível para usarmos desse modo, nos comprometemos a reduzir de 30% a 40% em 12 meses.”
Ricardo Salles
Sobre o corte de verbas internas ao Ministério do Meio Ambiente, que irá receber o menor valor do orçamento, Salles culpa o Congresso: “eles votaram um orçamento, destinaram a maior parte dos recursos… um aumento substancial das emendas de bancada, emendas individuais. Quem alterou e votou a lei orçamentária foi o Congresso”.
O ministro ainda questionou uma apreensão de madeira recorde feita pelo superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, já cotado para assumir o seu cargo.
“O que me parece é que aquilo não é ilegalidade, o que foi dito. Porque fomos olhar as árvores, os proprietários têm escritura, planos de manejo estão aprovados. Qual é ilegalidade? Se você me disser que pode ter outra lá no meio, é possível. Rotular tudo aquilo de ilegal, sabe o que vai acontecer? Você quebra essa turma que está lá, aí sim vão para a ilegalidade”, afirmou.
Em resposta as acusações, Saraiva disse ao Estadão que se surpreendeu com as manifestações do ministro e que as investigações “atestam inequivocamente as flagrantes ilegalidades” das madeiras apreendidas. Ele afirmou ainda que “o trabalho da polícia não está submetido ao crivo de nenhum ministro que não da pasta da Justiça”.