
Com praticamente o mesmo orçamento de 17 anos atrás, universidades federais correm o risco de parar a partir de julho. Segundo o Painel do Orçamento Federal, são R$ 2,5 bilhões destinados para 69 universidades e 1,3 milhão de estudantes. O valor está próximo do que foi investido em 2004, quando havia 574 mil estudantes matriculados em 51 instituições.
De acordo com a reportagem do jornal O Globo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) advertem que as atividades da instituição poderão ser interrompidas a partir o meio do ano. A Emenda do Teto de Gastos, aprovada durante o governo de Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro (sem partido), piora a situação, com investimentos em áreas estruturais como educação congelados por 20 anos.
Os baixos recursos podem interromper pesquisas e o pagamento de despesas como água, luz e telefone. Além disso, prejudica o acesso dos estudantes mais pobres que perdem a ajuda que recebem para se manterem enquanto estudam.
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Universidades quase paralisadas
A reitora da UFRJ, Denise Pires Carvalho, informa que todos os serviços da universidade, como os hospitais e as pesquisas, incluindo o desenvolvimento de uma vacina de Covid-19, serão interrompidos. Apenas as aulas remotas prosseguem.
“Com o que temos disponível para gastos discricionários hoje, a UFRJ para de funcionar em julho. As aulas só continuam porque estão remotas.”
Denise Pires Carvalho, reitora UFRJ
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirmou que, se, liberação de recursos, não terá “como arcar com o funcionamento básico a partir de julho”, e, por consequência, “o risco de paralisação total é real”.
A reitoria da instituição disse que os recursos alocados para garantir o funcionamento da estrutura da universidade foi de R$ 66 milhões em 2020. Este ano são R$ 21,1 milhões.
“[Os recursos] suficientes para manutenção das atividades até o mês de julho. Isso porque estamos no modelo de ensino à distância na maior parte de nossos cursos. Se houver a obrigatoriedade do retorno presencial, não será suficiente sequer para as adaptações mínimas necessárias.”
Unifesp
O Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças (Proplan) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Marinho Mezzadri, teme a demissão de todos os terceirizados da área de pesquisa. “Isso afeta desenvolvimento da vacina contra Covid que estamos trabalhando. Efetivamente estamos no limite, não há possibilidade de conclusão do ano dessa maneira”, disse.
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Educação é prioridade na Autorreforma do PSB
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), em sua Autorreforma, defende a priorização de investimentos em educação sob a lógica do estímulo à pesquisa desde a educação básica. Para propiciar a superação das desigualdades sociais e econômicas do país, acredita no fortalecimento de programas de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de inovações e tecnologias.
E, ao contrário do quem fazendo o governo federal, se posiciona contrariamente à precarização e privatização de setores públicos essenciais. O planejamento estratégico defendido pela Autorreforma dos socialistas entende que garantir a educação pública universal e de qualidade é também um dever econômico do Estado, além de direito universal inalienável.
“Esse planejamento de médio e longo prazos deve começar na educação para o desenvolvimento de competências criativas, uma visão analítica e transdisciplinar, desde o Ensino Fundamental até a universidade, em que o alunato deve ser exposto ao desafio da inovação e da criatividade, sem perder o foco da formação humanística.”
Autorreforma do PSB
Com informações do Brasil 247