Com a confirmação da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, na última sexta-feira (24), senadores foram às redes sociais informar que pretendem convocar o ex-ministro para dar explicações ao Senado sobre o que teria motivado sua demissão.
O presidente da CPI Mista das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), confirmou que pretende convocar Moro para falar à comissão. A informação foi dada pelo Twitter.
O ex-ministro Moro apresentou provas contundentes contra o pr. Bolsonaro. Por isso, estamos convocando Moro e o delegado Valeixo para falarem na CPMI e nos aprofundarmos nesses inquéritos que Bolsonaro quer controlar. Meu posicionamento foi destaque no @jornalhoje desse sábado. pic.twitter.com/4d58MQRnuK
— Senador Angelo Coronel (@angelocoronel_) April 25, 2020
Como uma das justificativas para sua demissão, Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro trocou o comando da Polícia Federal para, assim, tentar ter acesso a informações sigilosas que poderiam comprometer membros de sua família. Alguns dos processos poderiam ter relação com a divulgação de notícias mentirosas.
Para o senador, Moro fez praticamente uma delação premiada, com seu pronunciamento em que confirmou a saída do ministério. Coronel aponta, porém, que Moro poderia “ter agido lá atrás e denunciado o presidente de querer dominar a PF para controlar algumas investigações”.
“Vamos convocar o Moro para falar na CPMI para aprofundarmos mais nesses inquéritos que Bolsonaro quer controlar”, registrou o senador. Ele acrescentou que sente “cheio de crimes de responsabilidades cometidos por Bolsonaro”, como “interferência política na PF e querer ter acesso a inquéritos”, além de “exoneração de diretor da PF sem que Moro confirme a assinatura do ato”.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) já protocolou um requerimento de convocação para que o ex-ministro fale à CPMI. Conforme o documento, o objetivo é que Moro explique como se deu a exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Segundo o senador Coronel, o requerimento deve ser votado assim que o Congresso Nacional voltar à sua normalidade.
Nova CPI para investigar Moro e Bolsonaro
Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), no entanto, as declarações de Moro pedem uma CPI específica. Pelo Twitter, ela informou que a bancada de parlamentares do Cidadania está reunindo assinaturas para uma CPI Mista que apure as denúncias de Moro sobre uma suposta interferência de Bolsonaro nas investigações da Polícia Federal.
Junto com a bancada do @23cidadania na @camaradeputados, estamos pedindo uma CPI mista no Congresso Nacional para investigar as denúncias feitas pelo ministro @SF_Moro.
— Eliziane Gama (@elizianegama) April 24, 2020
Eliziane destaca que, segundo Moro, o presidente Bolsonaro pedia constantes relatórios sobre as investigações em andamento na Polícia Federal. “Por que o interesse pessoal do presidente em saber detalhes das investigações? O que o presidente teme?”, questiona a senadora.
De acordo com a senadora, a saída do ministro e do diretor da PF expõe a falência do governo federal. Ao tentar controlar a PF, o presidente rompe com o combate à corrupção e tenta sufocar investigações que o incomodam. A senadora aponta ainda que vê “obstrução da Justiça, falsidade ideológica, crime de responsabilidade, tudo junto nas declarações do ministro”.
CTFC e CCJ
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou um convite para que a CCJ ouça Sergio Moro sobre “as graves denúncias que externou”. Segundo Randolfe, Simone Tebet está disposta a “reativar a CCJ”. Na justificativa do requerimento, o senador aponta que é preciso entender quais motivos levam o presidente Jair Bolsonaro a interferir no funcionamento e nas investigações da Polícia Federal.
“As declarações do ex-ministro são de extrema gravidade e precisam ser esclarecidas e melhor detalhadas. As condutas descritas não são compatíveis com a democracia e com a Constituição”, concluiu Randolfe.
Com Agência Senado