Parlamentares socialistas celebram a demissão de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O agora ex-ministro é responsável pela boiada que atropelou a política de proteção ambiental, desmontou mecanismos de fiscalização e controle da pasta e perseguir servidores. A gota d’água é a suspeita de facilitar a venda de madeira ilegal. Ele foi exonerado nesta quarta-feira (23) do cargo.
A demissão de Salles foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), “a pedido”. O novo ministro é Joaquim Álvaro Pereira Leite, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no mesmo ato. Logo após o anúncio, Salles falou à imprensa. E citou seu “respeito ao agronegócio”, entre outros.
“Tivemos cuidado com todos os aspectos daquele ministério. Ao mesmo tempo, respeito também o agronegócio, empresários de todos os setores, de mineração, imobiliário. A necessidade do Brasil de ter suas obras de infraestrutura, ser líder do agro. Esse equilíbrio importante que foi pedido pelo presidente desde o início decorre com o compromisso que temos com o Brasil”, acrescentou. Chama a atenção na fala de Salles a ausência de qualquer referência à proteção do meio ambiente.
Celebração e alerta com saída de Salles
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), comentou que “não há mal que dure para sempre”. “Ricardo Salles, o pior ministro do Meio Ambiente que o Brasil já teve, acaba de cair. Já vai tarde!”, escreveu.
O líderda Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), alerta para o desvio de foco que Bolsonaro pode estar tentando fazer com a demissão de Salles. E reforça a necessidade de investigação.
“Não deixaremos que a queda de Salles sirva de cortina de fumaça p/ o escândalo de corrupção da Covaxin, que envolve diretamente o presidente da República na compra de doses superfaturadas. O foco da oposição na Câmara é exigir a investigação do esquema”, disse. Ele alerta também para a possibilidade de fuga do ex-ministro.
O líder do PSB na Câmara, deputado Danilo Cabral (PSB-PE), classifica Salles como “ecocida”.
O deputado socialista Camilo Capiberibe (PSB-AP) ressaltou que Salles saiu sob elogios de Bolsonaro. E também alertou sobre a possibilidade de fuga do agora ex-ministro do país. “O meio ambiente e o Brasil comemoram. Agora é preciso impedir que saia do País para que seja investigado e condenado pelos crimes que comete”, ressaltou.
O deputado socialista Bira do Pindaré (PSB-MA) também comentou a saída de Salles.
O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), classificou Salles como o pior ministro do Meio Ambiente que o país já teve. “Mas ele não agia sozinho. E o chefe deu logo um jeito de colocar outra raposa no cargo”, comentou.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, comemora a saída de Salles. “A boiada virou alvo! Grande dia!”, disse.
Salles teria facilitado exportação de madeira ilegal
Investigação da Polícia Federal (PF), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pretende confirmar se Salles atuou para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira. O inquérito foi aberto após pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por ele ter supostamente atrapalhado investigações sobre apreensão de madeira.
Segundo as investigações, ele reuniu-se em março do ano passado com um grupo de madeireiros no Pará que vinham tendo cargas de madeira retidas em portos no exterior por falta da autorização do Ibama.
A Operação Akuanduba executou buscas e apreensões nos endereços de Salles e de outros 21 investigados, entre servidores do ministério, dirigentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e empresários do ramo madeireiro.
Cobrança internacional
Desde que Bolsonaro assumiu o governo e nomeou Salles no cargo de ministro do STF, o Brasil tem sido cobrado internacionalmente a adotar medidas de proteção do meio ambiente. Ainda no período eleitoral, Bolsonaro dizia que não nomearia no cargo de ministro do Meio Ambiente algum “xiita ambiental”.
Ruralista assume Meio Ambiente
Ao que tudo indica, a troca no comando do MMA será de seis por meia dúzia. Joaquim Alvaro Pereira Leite estava à frente Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, desde setembro do ano passado. Essa secretaria substituiu a de Florestas e Desenvolvimento Sustentável, que também era liderada por Leite. O primeiro cargo dele no ministério foi Departamento Florestal, exercido entre julho de 2019 e abril do ano passado.
Leite é figura conhecida no meio ruralista. Integrou a Sociedade Rural Brasileira por 23 anos, tendo ocupado diversos cargos diretivos na entidade. Segundo currículo disponível no site do Ministério do Meio Ambiente, Leite é tem formação em administração de empresas pela Universidade de Marília (Unimar) e MBA pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Com informações do Uol, G1 e Ig