A Rocinha, maior comunidade do Brasil, recebeu testes gratuitos para detectar o novo coronavírus em sua população.
Os testes adquiridos são resultado da iniciativa do ex-morador da Rocinha, o estudante de administração Pedro Berto, que captou recursos pela internet para comprar centenas de testes sorológicos e rápidos e colocá-los à disposição da comunidade no Rio de Janeiro.
A ideia é ampliar a medição em relação à propagação da doença na comunidade que tem cerca de 100 mil habitantes, registra a AFP Brasil.
“O governo só vai testar quem está realmente muito mal. Se você testa só quem está muito mal, você não consegue monitorar o vírus, não consegue criar estratégias realmente efetivas” para conter o avanço da COVID-19, explica Berto, criador do projeto “Favela sem Corona”.
Testes
Para fazer o teste, o morador deve ir a uma clínica particular da favela e fazer um exame de sangue. O resultado sai em 24 horas.
Nas situações em que o resultado for positivo para a COVID-19, o paciente com sintomas leves faz quarentena domiciliar. Já aqueles com sintomas mais acentuados são orientados a ir para um centro de saúde.
“Tem bastante risco de expansão na comunidade porque dos testes que a gente tem feito aqui, de 40 a 50 por cento estão dando positivo”, explica à AFP Tiago Vieira Koch, diretor da clínica na Rocinha.
Com ruas estreitas, residências precárias, próximas umas das outras e geralmente com não mais de dois cômodos, para as famílias que vivem na Rocinha a quarentena e o distanciamento social são um desafio à parte.
O balanço oficial mais recente registrou 36 casos confirmados e três mortos nesta comunidade. O projeto “Favela sem corona” prevê o envio de testes para outras comunidades carentes do Rio.
De acordo com reportagem da AFP, o Brasil é um dos países que menos fazem exames de diagnóstico para a COVID-19, com apenas 296 pessoas testadas por milhão de habitantes. O número é insignificante em comparação com os da Alemanha (20.629) ou da França (5.114), por exemplo.
Em função disso, especialistas afirmam haver subnotificação dos casos confirmados. Segundo eles, o contágio real pode ser 15 vezes maior que o oficial.