“3 ANOS! 1.096 dias de saudade”. “Saudade que não cabe no peito”. Foi assim que a viúva e a irmã da vereadora Marielle Franco, Mônica Benício e Anielle Franco, definiram o sentimento e cobraram autoridades neste domingo (14), data que marca o terceiro ano da morte da parlamentar, mulher negra, ativista, LGBTQIA+, nascida no Complexo da Maré e de seu motorista, Anderson Gomes. Os dois foram brutalmente assassinados com cerca de 13 tiros na noite daquela quarta-feira, 14 de março de 2018.
Na sexta-feira (12), em coletiva de imprensa virtual conjunta com o Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional, Marinete Franco, mãe de Marielle, já havia feito um apelo pelo desfecho do caso. “Três anos é muita coisa, muito tempo para a gente não saber quem são os mandantes dessa barbárie. Não tem como mensurar a dor de uma mãe que passa por uma situação dessa”, disse.
Perguntas sem respostas
Após a investigação do caso trazer à tona diversas informações sobre o submundo do crime no Rio de Janeiro, duas das três perguntas mais importantes sobre o caso seguem sem resposta: quem mandou matar Marielle e por que motivo.
Embora autoridades do Rio de Janeiro tenham apontado aqueles que teriam cometido os assassinatos – o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Queiroz, expulso da corporação –, os dois ainda não foram julgados, mas foram denunciados pelo Ministério Público do Rio. As defesas negam que eles sejam os autores do crime.
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Mesmo refazendo os passos dos possíveis assassinos, Policiais da Delegacia de Homicídios e o Ministério Público também não conseguiram até hoje descobrir onde está a arma utilizada para matar Marielle e Anderson.
Marielle Presente
Três anos após o assassinato de Marielle, o clamor por justiça e o nome da vereadora, no entanto, seguem mais vivos que nunca, não apenas no Brasil, mas também no exterior. Neste domingo (14), às 15 horas, em Genebra, na Suíça, um ato em frente à Organização das Nações Unidas (ONU) que marcará a data.
Segundo a ativista pelos direitos humanos Angela Wiebusch de Faria, que representa o comitê Internacional Lula Livre de Genebra, o ato, o quarto a ser realizado no mesmo local, “tem um significado muito grande para manter viva a memória e o legado dela”, explicou à RFI.
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“Foi um crime político que chocou o mundo. Então, enquanto não houver justiça por Marielle, nós não vamos parar de nos manifestar. Essa é a nossa mensagem. Esse crime também está sendo, em nível internacional, acompanhado por uma relatora especial da ONU. Ainda está impune, mas deve ser esclarecido o mais rápido possível para se fazer justiça para a família e pela memória em si de Marielle”, afirma.
Nesta segunda-feira (15), na Itália, a Casa do Brasil em Florença também vai inaugurar, às 11 horas, um terraço de uma biblioteca com direito a placa com o nome da vereadora, seguido pelas datas de nascimento e morte e a inscrição “ativista pelos direitos humanos”. Representantes da cidade de Florença, da Casa do Brasil e do sindicato, assim como a cônsul honorária do Brasil em Florença, devem estar presentes.