Jair Bolsonaro (sem partido) deu largada para as Eleições de 2022. Com a popularidade em queda e pressionado pela CPI da Pandemia, o presidente anunciou na quinta-feira (3), durante a live semanal nas redes sociais, que pretende aumentar o valor do Bolsa Família em ‘pelo menos 50%’. Segundo ele, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem estudado o assunto ‘com responsabilidade’.
“Estamos trabalhando para aumentar esse valor (do Bolsa Família). Pretendemos chegar aí… dar pelo menos 50% (de aumento). Está lá o Paulo Guedes discutindo esse assunto. Com responsabilidade”. Jair Bolsonaro
Bolsonaro responde a pauta dos atos de 29 de maio
Pressionado pela CPI da Pandemia e com queda de popularidade, Bolsonaro antecipou a disputa para o pleito do ano quem. Na transmissão dessa quinta, mencionou uma das principais pautas dos protestos realizados contra ele no último sábado: o aumento do auxílio emergencial:
“Tem gente que fala que o auxilio emergencial, que está em R$ 250, é um absurdo, muito pouco. Concordo. Mas vocês nunca falaram que o Bolsa Família está hoje, em média, R$ 192. Resolveram falar que (R$ 250) é pouco por conta da pandemia. Quando não tinha pandemia, o pobre podia continuar vivendo com R$ 192, que é pouco”.
Jair Bolsonaro
‘Semana de glória’, diz Bolsonaro
Durante a live, Bolsonaro falou que esta foi uma “semana de glória” para a economia e que a previsão é de o Produto Interno Bruto (PIB) crescer no mínimo 4% neste ano de 2021. Ele também criticou o preço dos combustíveis, que, na visão dele, seriam inflados por conta do ICMS, imposto estadual.
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“Cada estado cobra o que bem entende (de ICMS). E cobra em cima do preço médio que você paga na bomba. Tem que ser o preço da refinaria (que é menor) ou um valor fixo. Que seja um valor fixo. Conversei com o [presidente da Câmara dos Deputados] Arthur Lira (PP-AL). Vai botar um projeto em votação que trata desse assunto”, disse Bolsonaro, em mais um aceno para os caminhoneiros, categoria de sua base política que reivindica redução no preço do diesel.
Renda total do brasileiro deve cair R$ 157 bi
A renda total dos brasileiros pode recuar R$ 157 bilhões em 2021 por causa da redução do auxílio emergencial e das incertezas que rondam a economia, principalmente a recuperação do mercado de trabalho diante da nova onda da Covid-19. A projeção está em estudo feito pela Tendências Consultoria.
“Diante do enxugamento das políticas sociais compensatórias e da perspectiva de recuperação moderada do mercado de trabalho neste ano, a massa de renda total domiciliar no Brasil deve apresentar retração de 3,5%, após alta de 5,2% em 2020”, diz o documento, assinado pelo economista Lucas Assis.
A conta leva em consideração a chamada massa de rendimentos, que é o total recebido por todos os trabalhadores no país. No ano passado, esse montante foi de R$ 4,460 trilhões. Neste ano, a projeção é de 4,303 trilhões. Os R$ 157 bilhões são a diferença entre esses dois valores. As projeções da consultoria consideram todas as fontes de renda, como rendimento de trabalho, aluguel, benefícios previdenciários e programas sociais — como o Bolsa Família e o auxílio emergencial. O maior recuo será sentido nas transferências aos vulneráveis, que vão diminuir 62,2%, depois de avanço de 221,7% em 2020.
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Isso é reflexo direto da redução do valor do auxílio emergencial nesta reedição do programa. Em 2020, o auxílio teve cinco parcelas de R$ 600 e mais quatro de R$ 300. O governo desembolsou R$ 293,1 bilhões e alcançou quase 68 milhões de pessoas.
Neste ano, será pago em quatro parcelas de R$ 250. Mulheres chefes de família recebem cota de R$ 375 e quem mora sozinho, R$ 150. Só uma pessoa por domicílio pode receber os valores. Ainda assim, a Tendências estima que para 73,7% dos beneficiários do Bolsa Família a parcela do novo auxílio será mais vantajosa. A partir de agosto, a consultoria trabalha com a reformulação do programa
‘É só fazer empréstimo’, diz Bolsonaro sobre auxílio
Bolsonaro rebateu na terça-feira (1o) críticas sobre o valor do auxílio emergencial, dizendo que quem quer receber um valor maior deveria “ir no banco e fazer um empréstimo”. Bolsonaro ressaltou que o programa é custeado com base no endividamento do governo.
“Qual país do mundo fez um projeto igual ao nosso, num momento de crise, que foi o auxílio emergencial? Nós gastamos em 2020 com o auxílio emergencial o equivalente a dez anos de Bolsa Família. E tem gente criticando ainda, falando que quer mais. Como é endividamento por parte do governo, quem quer mais é só ir no banco e fazer empréstimo”.
Jair Bolsonaro
Com informações do jornal O Globo