
Pesquisa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) registrou em 2019.124 assassinatos de pessoas trans pelo Brasi. Do total de vítimas, 121 eram travestis e mulheres trans e outros 3 foram identificados como homens transgênero. A entidade estima que, dos casos identificados, 82% atingiram pessoas pretas e pardas.
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“No caso das pessoas trans, o gênero feminino é o maior alvo da violência letal, 97,7% dos 121 casos. Destes, 67% dos assassinatos foram cometidos contra prostitutas e 64% dos casos aconteceram na rua.”
Sobre a questão racial, a organização diz que se dá sob diversas formas e em diferentes contextos regionais. Mas conclui: a população trans negra é a que tem as maiores chances de ser assassinada no Brasil. Em 2018, das 163 pessoas trans assassinadas, cerca de 82% também eram pretas e pardas.
A violência contra a população T também se acentuou com a pandemia de Covid-19, afirma a entidade. Sobretudo, entre as trabalhadoras do sexo negras. De janeiro a outubro, 151 travestis e trans foram assassinadas no Brasil – alta de 22% em relação ao mesmo período de 2019.
“Esse grupo representa a maioria dos casos de assassinatos e está diretamente expostas a diversas formas de violência, negação de acesso a direitos e consequentemente da precarização de suas vidas”, diz trecho de relatório.
Além dos números elevados, 80% das mortes contra mulheres transgênero no país em 2019 foram cometidas com uso excessivo de violência. No relatório da Antra sobressaíram casos de assassinatos por “apedrejamentos e emprego de arma branca”.
O preconceito também se revela na ineficiência do Estado nas investigações para identificar e prender os envolvidos. Segundo a organização, estão atrás das grades apenas 7% dos suspeitos dos 121 assassinatos contra pessoas trans no país em 2019.
Como enfrentar o problema
Segundo dossiê do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos que propõe dissecar a situação dos direitos da população LGBTI negra no Brasil, a inexistência de informações sobre esse público já é “um obstáculo para compreender e intervir na realidade vivida por essas pessoas”.
O mesmo dossiê aponta que os casos de homicídio precisam ser devidamente investigados e caracterizados, devendo-se “implementar protocolos de investigação específicos para violências e assassinatos contra a população LGBTI”.
O movimento LGBTI brasileiro, diz o dossiê, tem grandes desafios pela frente, em um contexto em que o presidente Jair Bolsonaro, por diversas vezes, minimizou questões como racismo, machismo e LGBTIfobia.
“Racializar as discussões sobre os direitos humanos no Brasil significa retirar a população negra da invisibilidade e romper com estruturas de dominação que garantem privilégios e distribuem graus diferentes de humanidade.”
Com informações da Folha de S. Paulo