
Após um ano desde o início da pandemia da Covid-19, ir ao mercado se tornou ainda mais pesado para o bolso dos brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos tiveram uma alta de 15%, quase três vezes a taxa oficial de inflação do período.
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O levantamento é inédito: foi a primeira divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) compreendendo 12 meses sob influência da crise pandêmica, decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em março de 2020.
Com forte influência dos reajustes da gasolina, o IPCA voltou a acelerar em fevereiro, fechando o mês em 0,86%, ante 0,25% no mês anterior. Segundo o IBGE, a maior alta para fevereiro desde 2016.
A pressão inflacionária tem levado o mercado a constantes revisões de suas expectativas. Na última divulgação do relatório Focus, do Banco Central, na última segunda-feira (8), a projeção para 2021 subiu pela nona semana seguida e chegou a 3,98%, de 3,87% na semana anterior.
Projeções pessimistas além da pandemia
Para os próximos meses, a expectativa é de pressões ainda maiores no preço da gasolina, item com maior peso na composição do IPCA, que já foi reajustada nas refinarias seis vezes desde janeiro. Sem refresco do dólar, itens como combustíveis devem continuar em alta.
A escalada dos preços dos alimentos atingiu em cheio o consumidor já no início da pandemia, tornando ainda mais difícil a travessia dos meses de isolamento social e perda de renda provocada pelo fechamento de negócios e aumento do desemprego.
Em fevereiro, o preço dos alimentos e bebidas subiu 0,27%, ante 1,02% registrados em janeiro, com desaceleração no custo da alimentação em domicílio (0,28%) em razão das quedas no preço de produtos como batata-inglesa (-14,70%), tomate (-8,55%), leite longa vida (-3,30%) e óleo de soja (-3,15%).
Em 2020, governo chegou a anunciar medidas para tentar conter a escalada, como a isenção de impostos para a importação de arroz, mas os impactos foram pequenos. A alta do custo de vida já se tornou tema de campanhas contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais, a mais recente delas ligada à hashtag #BolsoCaro.
Com informações da Folha de S. Paulo