
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçar a Zona Franca de Manaus, parlamentares do Amazonas reagiram. A declaração foi vista como ameaça de retaliação direcionada à bancada do estado no Congresso Nacional.
A provocação ocorreu no mesmo dia do segundo depoimento do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello à Comissão Parlamentar (CPI) de Inquérito da Pandemia, quinta-feira (21).
Durante a live, o presidente dirigiu comentários ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e ao senador Eduardo Braga (MDB-AM), também integrante da comissão.
“Imagine Manaus sem a Zona Franca, hein, senador Aziz. Você que fala tanto na CPI, senador Eduardo Braga, imagine aí o estado, ou Manaus, sem a Zona Franca”, ameaçou Bolsonaro.
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Zona Franca de Manaus é essencial
Os senadores citados, somados a outros parlamentares, entenderam a declaração de Bolsonaro como uma ameaça à região. Eles lembraram a importância da Zona Franca e seu papel na economia não apenas do Amazonas, mas do Brasil.
Presidente da CPI, Omar Aziz rebateu Bolsonaro no Twitter. “Ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses”.
A Zona Franca de Manaus viabiliza uma grande base econômica na região amazônica, além de promover a melhor integração produtiva e social dessa região ao país. É administrada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e abriga atualmente cerca de 600 indústrias.
Por isso, segundo parlamentares, as declarações de Bolsonaro ameaçam o emprego de milhares de amazonenses, os negócios das empresas que investem em Manaus e a receita de impostos estaduais que pagam saúde e educação.
Retaliação após CPI mirar horror em Manaus
Recentemente, o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), revelou em entrevista à Folha de S. Paulo que o estado foi transformado numa espécie de laboratório a céu aberto em busca da “imunidade de rebanho”. Método descartado pela ciência que defende a vacina como a única forma capaz de conter a doença.
Além da livre circulação do vírus, pacientes manauaras teriam sido utilizados para testar protocolos de tratamento com cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina, também descartado pela ciência no combate à doença e que pode causar graves riscos à saúde.
Devido ao caos vivido pelos amazonenses, especialmente em Manaus, a taxa de mortalidade do estado praticamente triplicou e a população viveu a tragédia do colapso do sistema de saúde.
Pessoas morreram sufocadas por não haver oxigênio, muitos tiveram que ser amarrados para suportar a intubação sem os sedativos e demais medicamentos necessários para o procedimento, além da falta de leitos.
As ações e omissões dos governo federal e estadual estão sendo investigadas profundamente pela CPI e têm gerado declarações duras dos parlamentares amazonenses.
Deputado socialista reage
O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB-AM) entendeu como ameaça e desespero a fala do presidente. Segundo Serafim, isso indica que o presidente “caiu na rede” da CPI. “Seus ministros e secretários que foram lá depor mentiram e foram pegos na mentira”. O parlamentar ainda aponta Bolsonaro como responsável pelas mais de 440 mil mortes no Brasil.
Com informações de Congresso em Foco, Folha de S. Paulo, G1 e Exame