
Por Plinio Teodoro
Em evento virtual promovido pelo Itaú por ocasião das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou pela primeira vez sobre a divulgação das informações de que mantém US$ 9,5 milhões em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal no Caribe.
Após a apresentação, Guedes disse que o caso não foi mencionado “por elegância” pelo anfitrião e iniciou suas explicações dizendo que “as offshores [no plural] são legais, foram declaradas, não houve movimentação para trazer dinheiro do exterior, nem envio de dinheiro para o exterior desde que eu enviei o dinheiro, em 2014 ou 2015”.
Em seguida, o ministro reclamou por ter perdido “muito dinheiro” ao assumir o cargo no governo Jair Bolsonaro, ignorando que a valorização do dólar pode ter provocado ganhos de R$ 14 milhões sobre o dinheiro guardado no paraíso fiscal.
“Quando construí maravilhosos projetos para o Brasil em educação, saúde, eu vendi tudo em investimentos, sabendo que eu estaria coletando agora. Perdi muito dinheiro vindo aqui [no governo] para evitar problemas. Tudo que estava nas minhas mãos eu vendi a preço de investimento. Perdi muito mais do que o valor dessa companhia que está declarada no exterior. Ninguém fez nada de errado. Qualquer dinheiro que esteja lá tem gestores independentes, em jurisdições que não têm influência de minhas ações”, disse Guedes, em inglês, aos investidores internacionais.
Advogados do ministro divulgaram um documento assinado por representante da empresa Trident Trust, agente financeira apontada nas Ilhas Virgens Britânicas, que mostra que Paulo Guedes teria deixado a direção da Dreadnoughts International Group Limited em 21 de dezembro de 2018, dias antes de assumir o mandato no governo.
No entanto, a empresa segue tendo como sócias a esposa do ministro, Maria Cristina Bolívar Guedes, e a filha,
Paula Drumond Guedes, segundo informações do Pandora Papers.
Para Guedes, “não há qualquer conflito de interesse. Tudo é claro, legal e declarado”.
“O resto é barulho, barulho e barulho e eu acho que vai piorar pois caminhamos para as eleições. Ataques pessoais (…) Todo mundo está limpo, todo mundo está legal, tudo está declarado. Apesar disso, o barulho não está parando”, disse ele, que ressaltou ainda que possui um “blind trust”, tipo de fundo em que os ativos são administrados sem conhecimento do beneficiário.
“Eu tenho um ‘blind trust’, não quero mencionar o banco, mas provavelmente você sabe muito bem o nome do banco, para investimentos neste país. Um ‘blind trust’ para investimentos dentro do país”, afirmou.
Leia também: Mamata sem fim: Pazuello usa carro oficial do Exército e foge da imprensa