
Canais no YouTube do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do pastor extremista Silas Malafaia já tiveram, ao menos, quatro vídeos excluídos pela plataforma cada. Mesmo assim, os bolsonaristas seguem propagando fake news e discursos de ódio impunemente.
Levantamento realizado pela consultoria Novelo em parceria com O Globo, revelou que não houve bloqueios de conteúdos ou suspensão dos canais. Mesmo com o descumprimento de normas estabelecidos pelo próprio YouTube.
O primeiro vídeo do filho 01 de Jair Bolsonaro (PL) banido da plataforma foi retirado do ar em julho de 2020. O segundo, em janeiro do ano passado. Os dois mais recentes, em dezembro de 2021, em um intervalo de apenas 20 dias.
Em pelo menos três, informações mentirosas sobre a covid-19, o que fere a política da plataforma.
Porém, o YouTube alegou na última exclusão que se tratava do primeiro aviso emitido ao canal de Flavio Bolsonaro.
Porém, os dados verificados pela Novelo indicam que, a essa altura, a conta deveria ter sido punida ao menos com um bloqueio de sete dias – o que não aconteceu.
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O YouTube não esclareceu o critério adotado.
O mesmo ocorreu com Malafaia, que também teve quatro vídeos excluídos.
Dois vídeos do canal do pastor extremista foram excluídos nos dias 12 e 13 de janeiro. Foram retirados por fazerem ataques à vacinação infantil contra a covid-19, bandeira negacionista do bolsonarismo.
A reportagem reforça que, considerando as regras da rede, o canal deveria ter sido alvo, pelo menos, de um bloqueio de duas semanas.
Novamente, o YouTube também explicou porque o canal não sofreu qualquer punição.
Bolsonaristas aproveitam regras frouxas
O YouTube possui um sistema de normas sobre publicações relativas à covid-19. São enviados avisos ao canal antes das punições que, em grande parte dos casos, não passam de bloqueios temporários se vídeos forem excluídos tenham mais de 90 dias de intervalo.
Ou seja, é possível que a cada três meses os canais têm permissão para disseminar mentiras sem que nada mais severo, como a exclusão permanente do canal, ocorra.
“É possível fazer um cronograma em que você nunca acumule três avisos em 90 dias”, resume ao O Globo o pesquisador João Guilherme Bastos, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital.
Apenas nos últimos 90 dias, por exemplo, o levantamento da Novelo mapeou 41 vídeos tirados do ar em 33 canais bolsonaristas. Pelo menos, 22 publicações tratavam da Covid-19.