No Brasil, a situação de outros presídios não é muito diferente e o problema pode se transformar em uma catástrofe, avalia médica epidemiologista
Até o final da última semana, 12 policiais penais e um interno do sistema penitenciário do Distrito Federal tinham recebido exames que apontaram a contaminação pela Covid-19. O risco de um contágio em massa preocupa familiares dos detidos, que nos últimos dias já realizaram dois protestos em frente à Vara de Execuções Penais (VEP).
Na manhã de segunda-feira (13/4) as famílias, cerca de 100 pessoas, se concentraram em frente à VEP para cobrar medidas eficazes de precaução contra o avanço do coronavírus no Complexo Penitenciário da Papuda. A manifestação também ocorreu, no mesmo local, na última sexta (9/12), quando familiares reivindicaram a liberação da entrada de dinheiro, itens de higiene e frutas para os detentos.
Em 12 de março, as visitas nas unidades prisionais foram suspensas para evitar contágios. A Justiça também antecipou a progressão do regime semiaberto aos custodiados que receberiam o benefício da prisão domiciliar até 17 de julho.
Moro reconhece piora
A ameaça iminente é reconhecida pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, que ao O Globo declarou reconhecer que houve uma piora na disseminação do novo coronavírus nos presídios, com a confirmação de casos de presos infectados no Pará, Ceará e Distrito Federal. Contudo, o ministro reiterou que a situação está “sob controle”.
No caso do DF, o ministro confirmou a identificação, tardia, da doença em um preso infectado pelo vírus. O preso teve contato com 20 outros presos que também foram contaminados, “infelizmente”, segundo o titular da Justiça.
De acordo com Moro, o “isolamento da população carcerária” é o principal plano para evitar a disseminação.
Catástrofe
Enquanto o ministro opta pelo isolamento, a pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcomo, avalia que a medida pode transformar o problema em uma catástrofe. A médica alerta que se houver transmissão nas cadeias, a situação será ‘catastrófica’ .
“Se já é uma catástrofe humana hoje, com uma virose desse grau de transmissibildiade, eu considero uma catástrofe geométrica. Porque a hora que houver transmissão dentro das cadeias não temos dúvidas de que veremos uma situação muito triste, em que o grau de transmissão é muito grande e possivelmente vão morrer pessoas”, adverte a pneumologista, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Em outra frente, a Pastoral Carcerária e IDDD pede que sejam adotadas penas alternativas e desencarceramento para evitar focos de contágio que colocam vidas de dentro e fora dos presídios em risco.
Com informações do Correio Braziliense e da Rede Brasil Atual.