
No lastro dos constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o sistema eleitoral do país está a realização de uma auditoria privada da votação paga por seu partido. A proposta sequer conta com apoio de líderes do PL e é considerada inviável pelos ministros da Corte eleitoral. O motivo é que a vontade de Bolsonaro é ilegal.
O dinheiro público que financia o fundo eleitoral e o partidário não pode ser usado para esse fim. Não há dúvida entre os ministros do TSE sobre a questão, de acordo com o jornalista Valdo Cruz, da Globo News. Na avaliação deles, a proposta não passa de mais uma tentativa de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
A lei também não permite auditorias durante a realização das eleições. Apenas após o resultado, que costuma sair no mesmo dia graças, justamente, às urnas eletrônicas.
As duas questões fazem parte de questionamento enviado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ao TSE sobre as intenções declaradas de Bolsonaro.
E, de acordo com o jornalista, as respostas já são certas e vão desagradar o atual ocupante do Planalto. Elas ajudarão também o TSE a rebater os ataques bolsonaristas.
A primeira pergunta é justamente se o dinheiro dos fundos eleitoral e partidário pode financiar a auditoria.
Em outra questão, Randolfe questiona se a auditoria pode ser feita durante as eleições ou após sua conclusão.
Nem PL apoia delírios de Bolsonaro
As ameaças de Bolsonaro são tratadas pelos próprios integrantes do PL como a preparação para a derrota em outubro.
O PL é um dos mais fortes partidos do centrão e assim pretende se manter.
“Se Bolsonaro fizer questão, vamos contratar. Mas o PL é um partido da política. Não queremos de jeito nenhum essa briga com o TSE“, afirmou um integrante da direção ouvido pela jornalista Malu Gaspar, do O Globo.
Outra pessoa próxima a Bolsonaro confirmou à jornalista que a intenção de Bolsonaro ao atacar o sistema eleitoral brasileiro é produzir “justificativa para depois não cumprir o resultado” diante da iminente derrota nas urnas.
Derrotado na eleição de 2014, Aécio Neves (PSDB-MG) não aceitou a vitória e, sem nada que o respaldasse, também pediu auditoria, que confirmou a vitória de Dilma Rousseff (PT).