O iminente extermínio anunciado dos povos indígenas pela covid-19 preocupa especialistas e coloca a negligência do poder público no centro de denúncias feitas pelos próprios indígenas e entidades. Desta vez o alerta foi dado pela Comissão Arns ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Um ofício encaminhado na segunda-feira (20), ao Ministério da Justiça pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, conhecida como Comissão Arns, destaca a situação de risco vivida por indígenas de regiões mais isoladas, registra o Valor.
O texto solicita ao ministro a “adoção de medidas urgentes” à proteção das terras indígenas “diante da possibilidade de uma catastrófica mortandade entre povos” e até “da extinção de alguns grupos”, destaca o jornal.
A carta assinala ainda que os grupos mais isolados “são os mais vulneráveis entre os vulneráveis” em relação à população indígena do Brasil, especialmente pela ação de invasores.
No ofício, a comissão pede que o ministério mobilize “suas forças de segurança para impedir a invasão de terras indígenas e expulsar, nos termos da lei, invasores de todas essas terras, bem como das áreas interditadas para a proteção de povos isolados”.
“Há um problema geral de aumento de invasões”, disse ao Valor a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, referência internacional no assunto. Ela ainda classificou de gravíssima a mensagem do governo de que irá legalizar as terras ocupadas.
As recomendações contidas na carta também são direcionadas à Fundação Nacional do Índio (Funai), que está subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O documento foi assinado pelo jurista e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns.
Denúncia também em Genebra
Ademais, a extrema vulnerabilidade desses povos e o abandono por parte do governo Bolsonaro já chegou à Genebra (Suiça). A denúncia foi levada pelo líder yanomami Davi Kopenawa, junto com representantes da Comissão Arns e do Instituto Socioambiental (ISA).
Na ocasião, o ISA apresentou relatório que comprova o desmonte das políticas públicas e dos órgãos de fiscalização do meio ambiente e indigenistas no governo de Jair Bolsonaro.