
Filhos de Jair Bolsonaro, o senador Flávio (PL-RJ) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ) foram responsáveis por homenagens prestadas pelo Legislativo a, pelo menos, 16 policiais militares denunciados de integrarem organizações criminosas, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com reportagem da jornalista Juliana Dal Piva, para o podcast UOL Investiga, os dados foram obtidos a partir de cruzamento de dados entre os policiais homenageados pelo clã Bolsonaro com tribunais de Justiça do país.
Entre eles estão Adriano da Nóbrega e Fabrício Queiroz, envolvidos em escândalos com a família do atual ocupante do Palácio do Planalto. Além do major Ronald Pereira e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski.
Adriano da Nóbrega, inclusive, foi homenageado por Flávio Bolsonaro duas vezes, em 2003 e em 2005. O ex-policial foi morto na Bahia, em 2020, depois de ano foragido.
O senador disse que foi Fabrício Queiroz quem apresentou os dois durante aulas de tiro.
Esses e outros policiais homenageados foram e presos e denunciados, conforme a jornalista, nas 8 mais importantes operações de combate ao crime organizado, realizadas entre 2006 e 2002: Calabar, Quarto Elemento, Purificação, Intocáveis, Gladiador, Amigos S/A, Segurança S/A e Águia na Cabeça.
Bolsonaro já saiu em defesa dos filhos algumas e disse ser ele o responsável pelos pedidos de homenagens.
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Investigações
Extorsão, corrupção, sequestros e homicídios, entre outros crimes, foram revelados por investigações da Polícia Federal, corregedorias e Ministério Público.
Em todos os casos, os policiais constavam na folha de pagamento da máfia dos caça-níqueis, das facções do tráfico ou dos grupos milicianos.
Pelo menos 1 em cada 10 homenageados por Flávio e Carlos Bolsonaro, entre as mais de 700 condecorações e medalhas concedidas por eles por meio de seus mandatos, responderam a processos criminais.
Homicídio
Entre os 75 policiais, a maior parte respondeu por crime de homicídio: 36 responderam na Justiça pelo assassinato de 39 pessoas.
Também de acordo com a reportagem, participar dessas operações violentas era um critério para se aproximar dos Bolsonaro e ganhar medalha. Em 57 homenagens, a palavra “morte” foi citada como justificativa para a concessão do reconhecimento.
Esses policiais homenageados também responderam por ameaça, associação criminosa, improbidade, extorsão, fraude em licitação, fraude processual, homicídio, improbidade administrativa, organização criminosa, peculato, receptação, violência doméstica, tentativa de homicídio e muitos outros.